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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Rio de Janeiro vai receber a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude

MADRI, Espanha — Pelo menos 60.000 jovens da América Latina e do Caribe, vindos principalmente do Brasil e do México, participam nesta semana, em Madri, da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), num momento em que está sendo preparada a próxima edição, que acontecerá pela primeira vez no Rio de Janeiro, em 2013.

O Brasil, com 14.000 jovens inscritos e o México, com 8.000, são os países com maior número de peregrinos, segundo cifras dos organizadores.

Os latino-americanos representam cerca de 14% dos presentes, num total de 450.000 jovens. Mas este número pode ser triplicado nas jornadas, entre esta terça-feira e o domingo, somando um milhão de pessoas.

A região, que só acolheu o evento uma vez, em 1987, em Buenos Aires, voltará a recebê-lo em 2013 no Rio de Janeiro, anunciou o Vaticano. Domingo, ao final da JMJ, Bento XVI fará o anúncio da cidade carioca, oficialmente.

Será um ano antes do mundial de futebol, previsto para aquele ano no Brasil.

"Para o padre Anísio Ribeiro da Silva, de 40 anos, "um evento desse tipo no Brasil deve ajudar a juventude a perceber que não estamos sós; é o fortalecimento de nossa fé", estima.

"Estamos muito felizes em receber este evento no Rio, é muito importante que seja no Brasil", coincide Rodolfo de Assis, de 23 anos, que "vai preparar, a partir de agora, as próximas jornadas" em seu país.

A escolha do Brasil para outro evento internacional, que se acrescenta ao Mundial de futebol de 2014 e às Olimpíadas de 2016, responde ao "grande crescimento econômico do país em pouco tempo", destaca Renato Brigati, paulistano de 21 anos, recém-chegado ao colégio de Madri no qual pernoitará durante a JMJ.

O evento permitirá mostrar ao mundo "a riqueza cultural" do Brasil e "a alegria e a hospitalidade dos brasileiros", ressaltam ambos, mas também "a harmonia entre sua gente, contagiando o mundo", acrescenta orgulhoso Yuri Rebello, de 20 anos, vindo de Belém.

De qualquer forma, pagar os cerca de 190 euros de inscrição na JMJ não está ao alcance de todos.

A colombiana María Isabel Espinosa, de 30 anos, organizou para conseguir o dinheiro "rifa de uma televisão de plasma".

Seu compatriota Giovanni Montoya, estudante de contabilidade de 23 anos, "paga a passagem a crédito".

"Gostaria de trocar ideias em Madri, porque há muitas coisas que não concordo", comenta uma estudante de arquitetura, a chilena Andrea Urbina, de 20 anos, para quem a Igreja "está com quem sofre e com os pobres, sem nenhuma sombra de dúvida".

Milhares de peregrinos se reuniram para uma missa ao ar livre no coração de Madri nesta terça-feira. A celebração dá início a Jornada Mundial da Juventude, um evento de seis dias que contará com a presença do Papa Bento XVI.

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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Mensagem aos Jovens Economistas Brasileiros

21 de julho de 2009

Por Marcus Eduardo de Oliveira

"Perceber que o mais importante é o social foi a
descoberta mais relevante de minha vida"
Celso Furtado, em O Longo Amanhecer

Em "Princípios de Economia", Alfred Marshall (1842-1924) afirma que a Economia "é um estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos diários da vida".

Gregory Mankiw diz que "Economia é um grupo de pessoas que interagem entre si".
Das muitas definições/objetivos que o termo Economia carrega talvez a de Colin Clark (1905-1989) seja a que melhor se enquadra naquilo que entendemos ser o objetivo precípuo das ciências econômicas: "O objetivo da economia não é a produção de riqueza, mas proporcionar bem estar aos indivíduos", nos diz C. Clark.

O certo é que desde a obra seminal de Adam Smith, (A Riqueza das Nações) as ciências econômicas vêm ganhando destaque e relevo na administração pública, guardando assim estreita sintonia com a origem do termo que remonta ao pensador grego Xenofonte (430-355 a.C) que definiu Economia pela primeira vez como "administração da casa"; nos dias de hoje, também pode ser entendido como "administração da coisa pública".

Feitas essas primeiras incursões o fito deste artigo se põe agora a discutir junto aos jovens economistas brasileiros qual o atual e o mais preponderante papel que a economia (enquanto ciência) vem desempenhando na sociedade moderna e, em especial, em sociedades que amargam profundas e históricas desigualdades sociais, como é o típico caso brasileiro.

Quantos de nossos jovens, recém saídos das universidades, diplomados em Ciências Econômicas, se põem a perguntar: quais os desafios da profissão de economista? E agora, como economista formado, o que quero e devo fazer? Como devo agir? Quais são as inquietações reflexivas a que um economista estará exposto? Quais interrogações os cercarão?

Os desafios da profissão em uma sociedade desigual

Uma primeira constatação que o jovem economista brasileiro se depara ao chegar ao mercado de trabalho, é que é impossível fechar os olhos para as gritantes conseqüências sociais que o atual modelo econômico desagregador impõe a grande parte da população que ora encontra-se sem emprego, sobrevivendo no limite, habitando os já conhecidos "bolsões de pobreza".

Nesse pormenor, a exclusão social será, certamente, uma situação em que o jovem economista porá um olhar crítico para um completo entendimento da situação social que o aguarda. Talvez esteja ai o primeiro e mais importante desafio para os jovens economistas brasileiros desse século XXI: entenderem as razões que levam um país como o Brasil, com grande potencial de recursos, a amargar um quadro vexatório em quesitos sociais.

Cabe a esses jovens economistas tentar explicar como é possível, numa sociedade moderna, a ocorrência de fortíssima segregação social que põe de um lado os incluídos e, do outro, os excluídos; os ricos-milionários separados dos pobres-miseráveis; os sem terra segregados dos latifundiários. Em suma, um país formado por uma sociedade elitista e uma massificação de excluídos.

Aos jovens economistas conhecedores de história econômica caberá responder por que ao Brasil, historicamente, coube um papel específico na economia mundial de grande fornecedor de commodities e, dessa maneira, enquanto os mercados externos eram (e são) abastecidos pelo trabalho dos brasileiros, a economia interna regressa no tempo, desamparando os que aqui labutam.

O desafio maior que espera esses jovens economistas no mercado de trabalho talvez seja estudar, pormenorizadamente, essa exclusão social a que fizemos alusão a fim de "entender" um país que é capaz de produzir e exportar aviões, mas incapaz de alimentar decentemente quase 40 milhões de pessoas. Um país que, por anos a fio, tem sido o maior produtor e exportador de suco de laranja, mas que abriga dezenas de milhares de crianças que nunca tomaram um copo desse suco. Um país que fabrica e exporta calçado de qualidade, mas muitos dentre sua população ainda andam descalços dormindo ao relento dos grandes centros urbanos.

Está reservado aos jovens economistas brasileiros, como um dos mais intensos desafios da profissão, responder os motivos de sermos uma das sociedades mais desiguais do mundo, com forte concentração de renda, em que os meios de produção estão nas mãos de apenas 6% da população. Um país em que de cada 20 brasileiros, apenas um é dono de alguma propriedade geradora de renda (empresa, imóvel ou mesmo o conhecimento).

Esses jovens economistas brasileiros da atualidade, mais do que qualquer outro profissional das ciências humanas, têm a árdua tarefa de explicar por que temos uma carga tributária que onera tanto os pobres (os 10% mais pobres pagam 44,5% mais impostos do que os 10% mais ricos); por que nossa reforma agrária nunca saiu do papel, sendo nosso país o quinto maior em extensão territorial do planeta; um país que exporta vitaminas, mas, no entanto, 40 milhões dos que aqui habitam passam fome.

Especificamente sobre a questão agrária, que no bojo está implícita o paradoxo de muita terra disponível e muita gente passando fome, segundo os Cálculos do Plano Nacional de Reforma Agrária – Cadastro do INCRA – existem, aproximadamente, 55 mil imóveis rurais classificados como grandes proprietários improdutivos, que controlam 116 milhões de hectares. Eles são apenas 1% de todos os proprietários rurais do Brasil. Também sobre isso deverá o economista moderno lançar análise reflexiva.

O desafio da retomada do crescimento econômico

Esses jovens economistas que ora estão entrando no mercado de trabalho vão se deparar com uma armadilha específica que põe severas amarras à economia brasileira. Atualmente, embora o governo afirme o contrário, a economia brasileira não cresce porque está presa a uma armadilha de altas taxas de juros e baixas taxas de câmbio que mantém as taxas de poupança e de investimentos deprimidas. De tal maneira não há espaço para a criação da demanda necessária (desestímulo ao mercado interno) para que a taxa de acumulação de capital alcance o nível necessário à retomada do crescimento econômico.

Crescimento econômico, por sinal, será algo que deverá perseguir o economista todo o tempo; principalmente aqueles que buscarem na administração pública uma colocação no mercado de trabalho. Mais do que encontrar modelos que respondam por uma adequada taxa de crescimento da economia, deverá o economista, a serviço do setor público, ter clara noção de que o crescimento econômico para ser solidificado e produzir frutos deverá esse ser transformado em desenvolvimento.

Para tanto, o economista moderno obrigatoriamente necessitará ter uma visão ampla do processo social, visto que desenvolvimento econômico, no dicionário da profissão, significa qualidade de vida, significa ainda bem-estar a todos.

Combinando compreensão teórica com explicação técnico-didática, esse profissional somente estará apto a exercer sua profissão, à medida que conseguir explicar os fatos econômicos dos tempos atuais com o rigor de excelência que se espera daquelas que tratam a profissão com esmero. E somente conseguirá fazer isso, mediante uma visão panorâmica do ambiente econômico, estando, nesse pormenor, aberto ao processo de criação, uma vez que a sociedade é algo que os homens não param de refazer.

Diante, portanto, de uma sociedade e de sistemas econômicos (incluindo a atividade econômica) que estão longe de serem estáticos, pois suas naturezas são dinâmicas, o economista moderno deve antes ser um analista social capaz de aferir com extrema sensibilidade as manifestações daqueles que almejam construir uma sociedade plural.

Cabe insistir, nesse pormenor, que em sociedades com agudos desequilíbrios sociais, o primeiro compromisso da macroeconomia sempre deverá ser o de erradicar a pobreza, visto que a pluralidade em uma sociedade somente ganhará espaço quando o coletivo sair fortalecido, embora os manuais de introdução à economia insistam em pregar o individualismo.

Depois de erradicada a miséria e banido os "bolsões de pobreza" que ainda marcam a ferro e fogo a história econômica recente desse país, com a economia doméstica, aos poucos, se ajustando aos padrões de bem-estar coletivo, pensar-se-á na criação de riquezas, como muitos entendem ser esse o real e primeiro objetivo da economia.

Antes disso, uma longa e árdua tarefa espera pelos jovens economistas: a de fazer da economia, por meio da cooperação, uma ferramenta capaz de incluir. Para tanto, cabe ao observador da economia entender que essa ciência não se restringe apenas à frieza dos números, das taxas, dos índices, da econometria, da matematização constante, mas, antes, trata-se de uma economia que tem no ser humano seu ponto focal; afinal, como disse Marshall, a economia "é um estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos diários da vida".

Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor universitário.
Mestre pela USP em Integração da América Latina e Especialista em Política Internacional
Autor do livro "Conversando sobre Economia" (ed. Alínea)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

SÉCULO 21, AGENDA DO SÉCULO 19

Uma das razões do atraso brasileiro são as escolhas erradas em relação
ao que é importante e o que é prioritário, o que contribuiu para o
país se especializar em combater o inimigo errado e fazer os
investimentos menos capazes de superar o atraso. Citemos dois fatos:
Fato 1. Os bancos vêm apresentando altos lucros em seus balanços,
provocando, como sempre, broncas e protestos. Um parlamentar afirmou
que teria de haver um limite ético para o lucro dos bancos. Será
mesmo? Valem aí duas perguntas: a) com quais critérios se poderia
julgar o lucro de uma atividade empresarial? b) será que deve haver
limite ético para o lucro de qualquer empresa? Um exemplo
interessante: a Petrobras, sozinha e beneficiada pelo monopólio,
lucrou mais do que dez grandes bancos juntos sem que os detratores dos
banqueiros tenham proposto um limite ético para o lucro da Petrobras.
Analisemos o caso. O que deve ser tomado como base para se saber se o
lucro é condenável ou não é apenas "a forma como ele é obtido".
Primeiro, é aceitável, e desejável, todo lucro que derive de atividade
reconhecida pela sociedade como algo de valor, útil e necessária.
Segundo, é inaceitável todo lucro obtido em atividade não reconhecida
pela sociedade como útil e de valor ou mediante favores ou privilégios
negados aos concorrentes.
Na época da inflação, o sistema financeiro chegou a representar um
quinto de todo o Produto Interno Bruto (PIB), o que não é razoável,
situação possível porque o organismo econômico vivia doente, sob
infecção inflacionária. O volume de atividade e de lucro dos bancos
era muito superior ao valor reconhecido pela sociedade e bem maior do
que internacionalmente se aceita como percentual razoável em relação
ao PIB. Essa situação era condenável, mas não por culpa dos bancos, e,
sim, por culpa de uma economia distorcida pela inflação e por governos
perdulários.
Nesse assunto, não há que meter a ética no meio nem culpar os
banqueiros, pois o responsável pela inflação mora em Brasília, nos
governos estaduais e nas prefeituras. Ademais, a moral situa-se em
outra ordem. Os bancos são meras empresas, que se nutrem do mercado,
saudável ou doente. Os bancos são necessários em qualquer economia,
mas devem estar limitados ao tamanho razoável do setor financeiro em
relação ao todo. O tamanho exagerado dos bancos  vinha  da inflação e
bastou que ela fosse debelada para que as atividades bancárias
retrocedessem muito. Se o setor financeiro diminuiu, não foi por
razões morais; foi por razões econômicas.
Fato 2. O governo anunciou que metade da população brasileira não tem
acesso a saneamento básico. Isso é tenebroso, contra o que a sociedade
precisa se indignar e lutar. Os especialistas afirmam que uma criança
entre zero e três anos e que sofra alguma doença derivada da falta de
água tratada pode ter sua acuidade mental prejudicada pelo resto da
vida. Essa criança tem sua capacidade intelectiva reduzida, fica com
dificuldades para aprender e sua qualificação profissional é
prejudicada.
Se é certo que a criança pode ter sua capacidade mental afetada por
doenças derivadas da simples falta de esgoto e de água tratada,
passando a ter dificuldades para aprender os conteúdos da educação
básica, então o saneamento deveria ser elevado à condição de
prioridade maior do país. Na semana em que abundaram notícias sobre o
drama do saneamento básico, qual foi o grande assunto no governo?
Estádios de futebol e trem bala.
Um país em que metade de sua população não tem rede de esgoto está com
o futuro seriamente comprometido. É triste demais, sobretudo se esse
país não for miserável, como é o caso do Brasil. Cabe perguntar: "Para
onde estão indo os 40% da renda nacional que a sociedade entrega ao
governo em forma de tributos?". A revista ÉPOCA, em sua edição de
12/06/2011, ajuda a responder a essa pergunta. Em extensa reportagem,
a revista mostra que somente o governo federal tem participação em 675
empresas, entre estatais que ele controla e empresas privadas das
quais ele participa como sócio.
Definitivamente, no quesito de saber o que é importante e que é
prioridade, o Brasil tem falhado. E não há sinais de que isso vá mudar
tão cedo, apesar de a presidente Dilma Rousseff ter levantado o
problema da falta de saneamento em seus debates quando era candidata.
Mas, candidato é candidato, governo é governo.
José Pio Martins, economista, é Reitor da Universidade Positivo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Em carta, Dilma tece elogios e atribui fim da inflação a FHC

FOLHA DE SÃO PAULO

Em carta recheada de elogios, a presidente Dilma Rousseff classificou Fernando Henrique Cardoso como "acadêmico inovador", "político habilidoso" e "o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica".

A mensagem foi publicada ontem em site especial criado para comemorar os 80 anos de FHC, que faz aniversário no próximo sábado.

No texto, Dilma diz que o tucano acredita no "diálogo como força motriz da política", "foi essencial para a consolidação da democracia brasileira" e luta por seus ideais "até os dias de hoje".

"Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas justamente por isso maior é a minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias."

A presidente também elogiou FHC por ter sido o primeiro antecessor desde Juscelino Kubitschek a entregar a faixa a um político oposicionista também eleito.

E despediu-se chamando o adversário de "querido presidente" e transmitindo-lhe um "afetuoso abraço".

Dilma conviveu com FHC em 2002, quando integrou a equipe de transição montada pelo então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

O tom elogioso da carta de Dilma contrasta com a relação conflituosa entre Lula e FHC. Enquanto ocupou o Palácio do Planalto, o petista acusou o antecessor de deixar uma "herança maldita".

Em abril, o acusou de querer "esquecer o povão", após o tucano defender que a oposição se volte para a "nova classe média". FHC se irritou e desafiou Lula a disputar uma nova eleição contra ele.

Além da carta de Dilma, o site comemorativo reúne depoimentos elogiosos de políticos brasileiros e estrangeiros, como Bill Clinton e Tony Blair, ex-ministros, empresários e celebridades como Roberto Carlos, Paulo Coelho e o ex-jogador Ronaldo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Livro propõe aplicação de modelos econômicos na criação dos filhos

IARA BIDERMANFOLHA DE SÃO PAULO

Se você disser que aplica teorias econômicas na criação de seus filhos, vão pensar que: a) você só pensa em dinheiro; b) você só está preocupado com o futuro financeiro de seus herdeiros; c) você é um visionário; d) você é um monstro.

O economista australiano Joshua Gans pode não se encaixar em nenhuma das alternativas acima, mas ele afirma que usar o pensamento econômico para criar os filhos é uma forma inteligente de resolver conflitos, além de gerar benefícios aos pais e às crianças.


Adriano Vizoni/Folhapress
Economista faz sucesso ao adaptar ferramentas do mundo dos negócios à educação das crianças
Economista faz sucesso ao adaptar ferramentas do mundo dos negócios à educação das crianças

Não se trata de grana. Deixando de lado questões claramente econômicas, como calcular preços de fraldas ou mensalidades escolares, ele aplicou, com seus três filhos, estratégias originalmente usadas em negociações político-financeiras para resolver desde questões prosaicas (ensinar a usar o penico) até altruístas (o que fazer para que os filhos se tornem pessoas independentes).

BENEFÍCIOS
 
As tentativas de ser um bom economista e um bom pai (alguns sucessos, muitos fracassos) já renderam a Gans benefícios de curto e médio prazo.

Ele começou imediatamente a usar os exemplos domésticos para ilustrar suas lições de teoria econômica a alunos de MBA. Fez sucesso. As histórias da vida real deixaram as aulas mais animadas, os alunos mais interessados e os conceitos mais claros.

Gans então criou uma "marca" para essa sua proposta educativa. "Parentonomics", que junta pais ("parents") com economia ("economics") e remete ao modelo dos "Freakonomics" ""outro termo de sucesso e nome de um livro que já vendeu mais de 4 milhões de exemplares.

Em "Freakonomics", o economista norte-americano Steven Levitt mostra como aplicar princípios econômicos a situações da vida cotidiana, além de colocar em dúvida verdades preestabelecidas sobre temas tão variados e polêmicos quanto corrupção e aborto.

Não é preciso ser um especialista em mercado de futuros para descobrir que, no médio prazo, as aplicações de Gans também renderam um livro.

Hoje, os filhos do economista estão com 12, dez e seis anos. Resta saber se os benefícios de longo prazo, que são os que realmente importam, virão. Ou se faz sentido pensar em "educação de resultados" ou nos "lucros embutidos" das atitudes que tomamos em relação às crianças.

O economista Bernardo Guimarães, autor de "Economia Sem Truques" (ed. Campus-Elsevier), diz que para educar filhos é preciso duas coisas: definir objetivos e o que é preciso fazer para alcançá-los. "A economia ajuda muito pouco no primeiro quesito, mas pode ser um excelente instrumento na segunda parte da questão."

As grandes ferramentas oferecidas por Gans são os incentivos e as negociações. Mas a maioria dos pais e das mães já vive fazendo isso, mesmo que eles não entendam nada de economia.

"Muitas das coisas que educadores falam podem ser traduzidas por termos usados na economia. O que a teoria econômica te dá é um arcabouço para pensar nessas coisas, tentar entender por que algumas escolhas são feitas e as reações que provocam", diz Guimarães.

Marcos Fernandes, professor da Escola de Economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, afirma que é possível tirar lições das estratégias usadas em empresas ou relações internacionais para usar na educação.

MENOR CUSTO
 
"É politicamente incorreto dizer isso, mas você pode usar modelos [econômicos] para criar os seus filhos com o menor custo para ambas as partes", diz Fernandes.

O modelo proposto por Gans é a teoria dos jogos, estudo das interações estratégicas para a tomada de decisões que tragam menos custos e mais benefícios aos envolvidos.

Segundo Fernandes, essa teoria funciona com os filhos e pode ajudar os pais a encontrar um caminho entre as duas estratégias educacionais debatidas hoje: a autoritária e a igualitária.

O professor da FGV é pai de um garoto de 16 e de uma menina de 11 anos. "Aprendi a não deixar meu lado emocional me dominar na hora de educá-los, para pode aplicar a teoria dos jogos nas negociações que faço com eles."

Para o autor de "Parentonomics", é o fator emocional que atrapalha a tomada de decisões eficientes na educação dos filhos.

Ele tenta convencer os pais sobre a sua teoria mostrando as recompensas colhidas a partir dessa maneira de agir (os tais dos incentivos).

Por exemplo: o custo emocional de deixar um bebê chorar por algum tempo no berço, porque ele não quer dormir, pode ser eliminado se você o pegar imediatamente no colo. O custo futuro dessa atitude é que será cada vez mais difícil acostumá-lo a dormir sozinho. Nada que "Super Nanny" e qualquer mãe de bom-senso não endossariam.

"Pensar nos benefícios a longo prazo ajuda a separar a parte emocional e recuperar o bom-senso. E o sono perdido", diz Gans.

Da manga do economista também saem estratégias para conseguir que os filhos adotem hábitos desejados (por exemplo, comer verduras) em troca de incentivos bem dosados (comer doces), sem inflacionar a oferta de guloseimas.

A importância dos incentivos não é novidade para educadores, mas, ao contrário do que acontece nas negociações econômicas, não é a base do negócio.

"Na criação dos filhos, a base é o afeto, o reconhecimento da criança, o acolhimento. As recompensas e punições vêm a partir e por causa disso", diz a psicóloga e terapeuta de família Marina Vasconcellos, da Unifesp.

PEDAGOGIA DE RESULTADOS

Como a teoria econômica é aplicada na educação dos filhos

EQUILÍBRIO COMPETITIVO

O que é
Se não há confiança, não há cooperação, e cada parte usa as respostas ou reações da outra para buscar o melhor resultado

Como se aplica
O bebê quer atenção e chora quando é colocado para dormir. Os gritos são uma oferta: "Eu paro de gritar se vocês me derem atenção"

JOGOS COM REPETIÇÃO

O que é
A mesma interação estratégica se repete ao longo do tempo

Como se aplica
O bebê no berço quer atenção, mas os pais percebem que o custo desse tipo de choro para a criança (a exaustão) implica que ela só vai continuar chorando enquanto tiver motivos para achar que vai funcionar

NEGOCIAÇÃO

O que é
Oferecer benefícios à outra parte que compensem algum custo que ela terá

Como se aplica
Os pais sinalizam que deixarão a criança comer algumas "bobagens" em troca de uma alimentação saudável na maior parte do tempo

EQUILÍBRIO COOPERATIVO

O que é
As pessoas se juntam para atingir o objetivo de forma a aumentar os benefícios para todos

Como se aplica
A negociação 'verduras x doces' leva a um equilíbrio cooperativo: a situação é boa para a criança, porque ela se alimenta bem e tem direito a suas guloseimas, e é boa para os pais, porque evita desgaste e eles conseguem garantir uma alimentação adequada

INCENTIVOS

O que é
Não são necessariamente monetários, mas as motivações suficientes para as pessoas fazerem algo que, aparentemente, não lhes trará nenhum benefício imediato

Como se aplica
Para um bebê, não há vantagem em trocar a fralda pelo penico, mas ele pode achar a troca interessante se receber aprovação carinhosa dos pais sempre que usar o banheiro.

terça-feira, 3 de maio de 2011

SEXO E HONORÁRIOS MÉDICOS

Há alguns anos, os médicos de Londres se mobilizaram para exigir aumento dos honorários pagos pelas operadoras de planos de saúde. Pesquisas da época fizeram uma constatação intrigante: no centro de Londes, uma garota de programa cobrava, por uma hora de serviços sexuais, o dobro de uma consulta médica. Os economistas, como sempre, meteram sua colher no debate e tentaram responder a uma pergunta: como pode uma garota de programa, sem estudo e sem investir tempo e dinheiro em formação profissional, receber o dobro do que é pago a um médico?

Como a economia não é regida por leis morais, as explicações devem ser buscadas na estrutura de mercado de ambas as atividades. De início, vale lembrar que o sexo é trocado em dois “mercados”. Em um, as transações não envolvem dinheiro, pois a recompensa das partes está no amor e no prazer do ato em si. Aqui, a expressão “mercado” é imprópria. Em outro, o sexo é uma grande indústria e envolve extensa gama de bens e serviços. Desde filmes pornôs, revistas, produtos eróticos, motéis, agenciamento, até o ato sexual em si. Trata-se de um setor imenso, submetido às leis da economia.

Algumas explicações para a diferença na remuneração podem ser encontradas comparando os aspectos mercadológicos dos dois serviços, com destaque para os seguintes:

1. Em qualquer mercado há três elementos essenciais: o produto, a oferta e a procura. Ou seja, a mercadoria, o vendedor e o comprador. Os preços refletem a oferta dos serviços, a composição da demanda e a forma como o processo produtivo é realizado.

2. No mercado de sexo de alto nível, a concorrência não é muito grande, pois a oferta é feita, geralmente, por mulheres jovens, bonitas e despojadas de inibição moral (que, na Inglaterra, são escassas), e a carreira é curta, já que é difícil sobreviver na atividade depois dos trinta e poucos anos.

3. Embora não haja monopólios nem impedimentos ao ingresso na atividade, não é grande o número de mulheres que se dispõem a prestar tais serviços, seja pela carência de atributos físicos, seja por constrangimento moral ou inibições sociais.

4. Quanto aos honorários médicos há, entre outros, um importante elemento inibidor do seu valor: a existência de um forte concorrente, o governo, que oferece, gratuitamente, assistência médica pelo SUS, ao qual o paciente pode recorrer, caso não queira pagar plano particular. Já para os serviços sexuais, esse não é caso, pois eles não são oferecidos por nenhum programa governamental. Se alguém os quiser, só pode obtê-los por dois meios: ou por amor, portanto, de graça; ou pagando. Se bem que, do jeito que nossos políticos gostam de legislar sobre tudo, não é impossível aparecer algum deputado propondo uma “Bolsa-Prazer” para os pobres; uma espécie de programa de inclusão sexual.

5. Os planos privados atuam no vácuo da ineficiência do governo, mas não podem cobrar preços muito altos nem baixar a qualidade, pois se ficarem exatamente iguais ao SUS, por que alguém pagaria um plano?

6. Os compradores dos serviços sexuais estão concentrados em homens que, por razões óbvias, não fazem orçamentos, não pechincham e não dão cheques sem fundos, situações que forçam os preços para cima. Aqui, o gasto não é muito racional, no sentido econômico da expressão.

7. O gasto médico é feito, em geral, contra a vontade do consumidor, pois deriva de algo indesejado (a doença). Já o gasto com sexo é feito em função de vontade e busca de prazer, o que, convenhamos, é muito mais eficaz para aumentar a procura.

8. O setor de planos de saúde sofre a distorção do preço do serviço não ser pago pelo paciente diretamente ao médico, mas pela operadora do plano. Isso gera algumas imperfeições: são solicitados mais exames do que o necessário; os pacientes relaxam no número de consultas; o custo de administração dos planos é alto e o preço não é combinado entre comprador (o paciente) e vendedor (o médico).

Enfim, são mercados diferentes, cujos preços refletem suas peculiaridades e imperfeições. Os médicos merecem ganhar bem por várias razões. Mas, a comparação com o mercado do sexo não foi feliz. É preciso buscar melhores argumentos.

José Pio Martins, economista, é Reitor da Universidade Positivo.

OS MALDITOS CAPITALISTAS

Eu fazia palestra sobre empreendedorismo para um grupo de jovens, e havia na plateia um sujeito que destoava da turma por ter o dobro da idade da garotada e ostentar uma barba branca. Ele pediu a palavra e disse que a miséria do mundo somente acabará quando acabarem os “malditos capitalistas” e não houver mais empresários privados. Pedi que ele explicasse três questões:

a) como seriam as unidades produtivas no seu sistema, quem as montaria e as dirigiria?
b) como seriam as decisões de o que produzir, quanto produzir e para quem produzir? c) qual a garantia de que haveria o máximo de produção possível?

O sujeito confessou-se anticapitalista, saudosista do comunismo, embora sem instrução formal em economia. O debate foi educado, e ele ficou apenas na bronca antiempresarial e na indignação com a pobreza. De minha parte, aventurei algumas explicações.

O conceito de empresa surgiu com a descoberta da agricultura, há 10 mil anos. Um dia, um homem escolheu um pedaço de terra livre, cortou o mato e convidou outras pessoas para ajudar no plantio e na colheita. Em pagamento, o homem ofereceu, aos que o ajudaram, uma parte da safra.

Esse homem disse, aos operários, uma frase que deu origem à propriedade: “Isto é meu”. Todos aceitaram, pois qualquer um poderia seguir viagem, pegar um pedaço de terra livre e também dizer: “Isto é meu”. A coisa foi evoluindo e esse homem passou a tomar decisões de cuidar da terra, organizar as tarefas, orientar os ajudantes e fazer a partilha da colheita. Foi aí que surgiram o empresário, a livre iniciativa e a liderança.

Num segundo momento, os ajudantes (operários) passaram a ser contratados sem interesse direto no resultado da colheita, pois o proprietário passou a pagá-los com estoques guardados de colheitas anteriores. Os ajudantes recebiam por seu trabalho, fosse a safra boa, ruim ou nula. O risco era do dono da terra. Com a evolução da ciência e da tecnologia, o homem-dono passou a comprar ferramentas para ajudar os operários no manejo da lavoura. Foi quando a produtividade (que é a produção por hectare de terra) cresceu acentuadamente, propiciando que ambos se beneficiassem: o operário, que pôde ter um pagamento maior, e o proprietário, que pode reter uma safra maior.

Os séculos se passaram e, um dia, alguém resolveu dizer que “ninguém mais poderia ser dono, nem da terra, nem da fábrica”. Surgia o comunismo. O Estado seria proprietário de tudo, nomearia gerentes para cuidar de cada unidade de produção (empresa) e a colheita seria dividida com todos. Marx e Prodhoun diziam que “toda propriedade é um roubo”. Só que eles não contavam com uma armadilha: sem dono das terras e das fábricas, ninguém mais tinha grande interesse individual no tamanho da produção.

A princípio, a ideia era boa: dar a todos uma fatia igual no resultado. Mas o que se viu foi uma coisa simples: desprovidos de incentivo, os gerentes e os operários, tantos os rurais quanto os industriais, deixaram a produção despencar, disseminando fome e miséria. A União Soviética foi o berço dessa experiência de engenharia social, que durou setenta anos, deixou um rastro de fome e de pobreza e desmoronou em 1989. Mas, lá, a fome não se originava da má distribuição da produção. Originava-se do fato de não haver produção.

O comunismo, defendido pelo sujeito na plateia de minha palestra, fracassou completamente e os malditos capitalistas foram chamados para empreender, produzir e enriquecer. Quando perguntaram a Deng Xiaping, Secretário-Geral do Partido Comunista Chinês, que conselho daria aos jovens do país, ele respondeu: “Enriqueçam! Enriqueçam!”.

Pois bem, o capitalismo é isso: um sistema de propriedade privada dos meios de produção, que incentiva o risco e o espírito empreendedor e promove a riqueza dos “malditos empresários”, tudo para que a sociedade tenha o máximo de produção possível, sem o que não há como melhorar a vida de todos. A briga pela distribuição de renda é boa quando existe renda (a outra face do produto). Quando não há renda, a briga pela distribuição é a disputa pelas migalhas. Até Karl Marx reconheceu isso, quando disse, na “Ideologia Alemã”, que “enquanto não houver aumento da produtividade capaz de gerar abundância, a briga pela redistribuição de fatias do bolo será apenas uma briga pela ‘die alte Scheisse’ (a velha merda)”.

Foi essa historinha que contei para a garotada e o barbudinho socialista. Ele gostou, mas acho que não se convenceu. Para muitos, o comunismo é religião.

José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.

ASPECTOS DA INCERTEZA

A incerteza pode ser definida como a dúvida diante de duas ou mais alternativas. Incerteza é desconhecimento e ela desempenha papel central nas decisões de investimentos. O problema é especialmente complexo nas decisões de investimentos empresariais de prazo longo cujos riscos sejam muito altos no caso de ocorrerem cenários negativos.

Há incertezas espontâneas e incertezas criadas. As espontâneas dizem respeito aos fenômenos da natureza e aos fenômenos sociais não controlados diretamente por ninguém ou de baixo poder de controle. Neste grupo se encaixam as chuvas, as secas, os furacões, os eventos de mercado (como a inflação e as recessões) e os distúrbios políticos (como os ocorridos no Egito, na Líbia e na Tunísia).

No segundo grupo estão as incertezas criadas, em geral, pelos governantes. Clima hostil ao investimento privado, hábito de não respeitar contratos juridicamente perfeitos, rompimento de regras previamente acordadas, mudanças constantes na legislação de tributos, rejeição ideológica ao lucro, estes são eventos criados por governos, cujo efeito principal é assustar e afugentar os investidores. Uma região dedicada à busca de investidores terá maior ou menor êxito dependendo do grau de incerteza vigente.

A questão é que as incertezas, espontâneas ou criadas, produzem riscos, cabendo ao empreendedor a decisão de corrê-los, assumi-los ou desistir do negócio. Quanto às incertezas espontâneas, não há o que fazer, pois ninguém conhece o futuro e os fenômenos da natureza e os eventos sociais são, em maior ou menos medida, incontroláveis. No máximo, é possível examinar o passado, observar o presente e imaginar os cenários futuros possíveis.

O caso das incertezas criadas é diferente. Estas são obras dos governantes e estão sujeitas às decisões políticas. Logo, elas podem, por atos de gestão, ser minimizadas ou eliminadas. A base da economia e do progresso é o setor produtivo e não o governo, e é da economia privada que o governo tira os recursos necessários para sua própria subsistência e para os serviços públicos. Assim, criar incertezas por atos políticos, a ponto de potencializar riscos e provocar fuga de investidores, é comportamento estúpido.

Note que há diferença entre correr riscos e assumir riscos. Uma companhia de seguros assume riscos; seus segurados correm riscos. Ao possuir um veículo, você corre o risco de ser roubado ou de sofrer acidente no trânsito. Você não controla esse risco, ainda que tome cuidados para minimizar a probabilidade de sua ocorrência. As seguradoras, por sua vez, assumem riscos sobre base confiável de cálculos probabilísticos; por isso, elas apresentam lucros em seus balanços. Elas assumem o risco que o cliente corre e, se houver sinistro, pagam o prejuízo. Para tanto, cobram prêmios de seguro quando os clientes compram apólices de cobertura.

O que torna o ato apenas um negócio para a seguradora é o fato de ela operar de forma coletiva. Em um grupo de cem mil clientes, é previsível o percentual de carros que serão roubados ou acidentados, e a seguradora oferece proteção mediante pagamento de uns 5% sobre o valor do veículo. Por esse dinheiro ela assume o risco que você corre.

Quando um empresário planeja montar seu negócio, ele o faz sob incertezas econômicas, procura prever os riscos, espontâneos ou criados, e decide que riscos assumir (comprar proteção), que riscos correr e que riscos não enfrentar. Como não há como fazer hedge (comprar proteção) contra riscos políticos, o governante hostil a investimentos, que rompe contratos juridicamente válidos ou anula regras combinadas, notoriamente cria clima de fuga de investidores.

Visto sob a ótica do empresário, investir é arte e ciência e requer conhecimento, visão e intuição. O Barão de Rothschild, famoso banqueiro, dizia que o melhor momento para investir é quando o sangue corre pelas ruas. Ele dizia que, na tragédia, os ativos ficam baratos e, um dia, as guerras e os conflitos cessam e os negócios se recuperam. Essa é a hora de colher os lucros. Todos os que compraram ações quando as bolsas despencaram e tiveram paciência de esperar ganharam dinheiro.

Pois bem, se o Estado quiser atrair investimentos, a primeira coisa a fazer é acabar com a criação de incertezas nos gabinetes governamentais. Hostilizar investidores pode satisfazer a necessidade de odiar, mas não é receita de prosperidade.

José Pio Martins, economista, é Reitor da Universidade Positivo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A China é aqui

A China é aqui

Povão, ser ou não ser

Publicado em 18/04/2011 | André Gonçalves • agoncalves@gazetadopovo.com.br


Tive um professor de His­­tória que costumava repetir uma piada, mais ou menos engraçada, de que o comunismo podia até ser o céu, o problema era o purgatório do socialismo. Claro que era um humor muito sofisticado para adolescentes, mas não deixa de ser uma análise interessante.

Em linhas gerais, o comunismo puro de Karl Marx e Frie­­drich Engels desenha uma sociedade igualitária, apátrida e livre do Estado, mas que só pode ser alcançada por uma transição capaz de equalizar desigualdades, o socialismo. A questão é que, nas tentativas práticas, a revolução socialista acabou virando sinônimo de um Estado-Monstro, que manda em tudo.

E quem conseguiu controlar as rédeas desse bichano, vide Josef Stálin e Fidel Castro, gostou tanto que não quis largar o osso. O resultado todo mundo conhece: regimes totalitários que se transformaram em exem­­plos universais do que não se fazer.

A aplicação das teorias de Marx e Engels é algo obviamente bem discutível, porém, O Manifesto Comunista, publicado pela primeira vez em 1848, segue perene no que se refere à luta de classes. No Brasil de hoje, não há exatamente uma luta, mas um atropelamento. No ano passado, a classe C recebeu 19 milhões de pessoas vindas das classes D e E e chegou a 101 milhões de pessoas (53% do total de 191,8 milhões de brasileiros).

Um ano antes, ela correspondia a 49% da população e o crescimento não vai parar por aí. A “nova” classe média, com renda familiar entre três e dez salários mínimos, deve abarcar até 65% da população em 2014, quando o país sediará a Copa do Mundo.

O fenômeno, claro, não passou despercebido pelos políticos. Tanto que os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula (PT) começaram a se digladiar explicitamente pela paternidade desse grupo na semana passada. FHC ousou ao dizer que os tucanos devem esquecer o “povão”, o que gerou reação imediata do petista.

Na verdade, Fernando Hen­­rique queria dizer que o partido deve sintonizar-se com a classe C. Geraldo Alckmin parece ter sido um dos poucos que entenderam o recado e logo defendeu o colega como “grande responsável” pela inclusão social no país. Em Londres, Lula rebateu: “Não sei como alguém estuda tanto e depois quer esquecer o povão.”

A batalha é curiosa. Inega­velmente, Lula tem mais identidade com a classe C – não fosse assim, não conseguiria eleger uma sucessora sem bagagem política. Mas FHC, com a mesma sutileza do meu professor, acertou o tom: a nova classe mé­­dia não quer ser tratada como “povão”.

Mais brasileiros com mais dinheiro no bolso vão começar a pleitear novas políticas públicas para subir ainda mais na vida. Temas como excesso de impostos, infraestrutura e qualidade do serviço público vão entrar na agenda para valer, amenizando clichês paternalistas e clientelistas. Sim, uma re­­volução está por vir e, como no passado, o Estado-Monstro não vai sobreviver. Por enquanto, PT e PSDB não estão devidamente conectados à demanda desse furacão social – mais so­­fisticado e ambicioso do que um simples “povão”. É melhor que ambos reflitam sobre Marx e Engels, mas que também se atraquem em Philip Kotler, o papa do marketing. Quem não usar estratégias de administração capitalista modernas, como diferenciação e segmentação, para se antecipar ao que deseja a classe C vai ficar fora do páreo.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Brazil's opposition: When toucans can't

The opposition needs generational and policy change if it is to stay relevant

Apr 7th 2011 | SÃO PAULO | The Economist



TOUCANS, Brazilians say, simply cannot get along together: those big beaks get in the way. They are talking not about the colourful native birds, but about the leaders of the Party of Brazilian Social Democracy (PSDB), dubbed tucanos after their party's symbol. The PSDB governed Brazil for eight years under Fernando Henrique Cardoso, who laid the foundations for the country's subsequent economic success. It is still Brazil's biggest opposition party, but in the past three elections it has steadily lost seats in both houses of congress. The next presidential election is not until 2014, but already three big beaks are squabbling over who should be the candidate. Many think the party will split unless it swiftly unites behind one of them.

The bills in question belong to José Serra, the party's defeated presidential candidate in 2002 and 2010; Geraldo Alckmin, governor of São Paulo state and presidential loser in 2006; and Aécio Neves, who was governor of the state of Minas Gerais until he stepped down last year to run for and win a Senate seat. Pundits expected that after his second defeat, Mr Serra would step aside in favour of the younger, more charismatic Mr Neves. But by ending his concession speech with the words: "This is not 'farewell', but 'see you later'," he made it clear that he would not.

Mr Alckmin is trying to sideline Mr Serra by touting him as the PSDB's candidate in 2012 for mayor of São Paulo (a job Mr Serra held in 2005-06). The current mayor, Gilberto Kassab, a friend, is setting up a new party that some think could accommodate Mr Serra if the PSDB does not bend to his will. If he is overlooked again, Mr Neves, too, might well leave the PSDB. With him would go the party's best hope of regaining the presidency.

Supporters of both Mr Serra and Mr Alckmin take comfort from the career of Luiz Inácio Lula da Silva, who only became Brazil's president on his fourth try. But the analogy is strained. Lula's Workers' Party (PT) built a powerful organisation when it was in opposition; the PSDB, by contrast, is growing weaker.

Unlike the PT, the PSDB was always more of a club of brilliant technocrats than a mass organisation. But younger tucanos complain that the party's founding generation, who came to prominence during Brazil's military dictatorship of 1964-85, have failed to yield to fresh faces. In last year's election many younger voters plumped for Marina Silva, a PT dissident running for the Green Party. Middle-class Brazilians, the PSDB's bedrock supporters, could also defect. Polls suggest that Dilma Rousseff, Lula's successor, is both more popular than he was three months into his first term and, unlike him, equally well thought of by rich and poor.

Just as damaging as the PSDB's profusion of would-be leaders is its lack of a distinctive programme. When Lula took office he adopted tucano economic policies wholesale. There is now little ideological distance between the PT, whose roots are in the labour movement, and the PSDB. While Lula was president the PSDB sold itself as the party of good administration, but that is harder against Ms Rousseff, who is known as a capable manager. Even privatisation, embraced by Mr Cardoso but excoriated by Lula, is no longer a defining difference. Ms Rousseff has said she will open up airports to private investment.

This policy overlap will confront the eventual victor of the PSDB's power struggle with a difficult choice. Should the party stick to the centre-left and hope that the tide turns against the PT—because of a huge scandal, say, or an economic bust? Or should it move rightward, towards political territory that is almost unoccupied.

Although Brazil's tax take is high for a middle-income country, politicians have long believed that public spending, not tax cuts, gets them elected. The poorish majority will be grateful for any handout, the argument goes, and not notice how much tax they are paying. Indeed, Bolsa Família, Lula's flagship anti-poverty programme, returns less to many recipients than they pay in sales tax on food.

A politician with the courage to challenge the tax-and-spend consensus could reap rich electoral rewards, says Alberto Almeida of Instituto Análise, a consultancy in São Paulo. In recent polls and focus groups he has found that Brazilians, including the poorest, have woken up to the fact that they pay high taxes. Lula's decision to prop up demand during the world recession by temporarily slashing the sales tax on white goods acted as a tax primer, the pollsters found. Brazilians had not previously realised that such a big chunk of the cost of a fridge or cooker goes to the government. Asked whether they thought the tax cut should be kept, or made even deeper, or reversed and the extra revenue used for social programmes, two-thirds plumped for even deeper cuts. That is one of several reasons why the toucans need to find a new song to warble.

O DEPUTADO E O LIBERALISMO

Um desses deputados recém-empossados disse que dedicará seu mandato a combater o liberalismo e o neoliberalismo. Pensei: “Posso discordar, mas quem sabe ele traga um pouco de cultura e inteligência para elevar o nível do debate no parlamento”. Minha esperança durou pouco e acabou quando o repórter perguntou como o ele iria para esse combate. “Vou defender a criança, o jovem, os idosos e as mulheres. E vou exigir mais emprego, mais saúde e mais educação”, foi a resposta.

Primeiro, tentei ligar causa e efeito. Pelas propostas que o nobre parlamentar irá defender, ele deve achar que o liberalismo e o neoliberalismo sejam contra a criança, o jovem e o idoso e a favor de menos emprego, menos saúde e menos educação.

Fiquei um pouco confuso ao tentar entender sua escolha de defender “apenas” a criança, o jovem, os idosos e as mulheres. Pensei: “A quem ele não defenderá?”. Quanto às mulheres, ele defenderá todas, conforme as mencionou explicitamente em conjunto. Quanto aos homens, ele defenderá a criança, o jovem e o idoso. Não mencionou o conjunto dos humanos machos, mas partes dele. Quem ficou de fora?

Será que os bebês estão incluídos no conjunto “crianças”?. Se sim, estarão protegidos. Se não, essas criaturinhas ficarão sem as mãos salvadoras de sua excelência. Seguindo, imaginei que entre a criança e o jovem não exista qualquer lacuna; logo, aqui todos serão abençoados pelas ações do bom homem. Na sequência, considerei-me inapto para solver o quebra-cabeça. É que não me informaram com que idade o homem deixa de ser jovem nem a idade em que começa a ser idoso. Se entre a última idade do jovem e a primeira idade do idoso houver um espaço, teremos aí um conjunto de pessoas (adultos que deixaram de ser jovens e ainda não são idosos) fora das atenções do nobre deputado.

De duas uma: ou existe uma espécie de “adulto” que nem é jovem nem é idoso, e aí o nobre deputado estará sendo cruel ao não abençoá-los com suas graças, ou não existe esse “adulto”, logo, ele defenderá a todos, homens e mulheres de todas as idades.

Ironias à parte, sejamos francos: temos aí uma mistura das duas piores pragas de nossa política, a ignorância e a demagogia. A verdura pura e simples é que tal deputado não tem a menor ideia do que está falando e é apenas uma amostra da indigência intelectual da política brasileira.

O liberalismo nada mais é do que um movimento, gestado no século 18, a favor da liberdade e dos direitos individuais e contra a opressão das massas e os poderes ilimitados do governo. Essa doutrina atribuiu supremacia ao indivíduo. Na qualidade de consumidor, o homem comum passou a determinar o que deve ser produzido, quanto produzir e para quem produzir. Na qualidade de eleitor, o indivíduo passou a decidir quem seriam seus representantes para fazer as leis e quem governaria os negócios da nação, em mandatos limitados. Na sociedade anterior ao capitalismo e ao liberalismo, predominava o poder sem limites dos reis e dos que tinham força para submeter os cidadãos mais fracos.

No novo sistema, o mercado desempenha papel central. O tão vilipendiado “livre mercado” nada mais é do que um mecanismo que deixa apenas uma alternativa a quem deseja obter riqueza: servir da melhor maneira aos consumidores, aos menores preços possíveis. No sistema competitivo (em que há liberdade de entrada e saída) até mesmo os proprietários devem ajustar suas ações aos interesses dos consumidores. Se não o fizerem, a falência os tira do jogo e impõe perda dos seus bens.

O mercado é um sistema de voto, uma “democracia econômica”, cujo eleitor (o consumidor) é soberano e tem o poder de punir o produtor que não atenda a suas reivindicações. O mercado é uma arena implacável, pois, nela, o voto é diário. A essa democracia econômica corresponde, na esfera pública, o sistema de governo representativo, ou seja, a democracia política.

O nobre deputado melhoraria sua compreensão das coisas se lesse pelo menos uns poucos livros. John Locke, Adam Smith, Karl Marx, Ludwig Von Mises, esses quatro autores já seriam suficiente para lançar um pouco de luz na escuridão mental de sua excelência. Acho que não é pedir muito a quem pretenda executar a hercúlea tarefa de defender a criança, o jovem, os idosos, as mulheres, o emprego, a educação e a saúde.

PS! O deputado referido não é do Paraná. Caso alguém daqui tenha dito a mesma coisa será mera coincidência.

José Pio Martins, economista, é Reitor da Universidade Positivo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A LEI DA ESCASSEZ

Definitivamente, Deus não é socialista. Ele não distribuiu a inteligência e os dons artísticos de forma justa e proporcional. Na adolescência, fiquei bronqueado com o Criador quando tentei jogar futebol e constatei que, em relação a mim e Pelé, nosso Senhor foi cruel. Ao Rei, Ele deu tudo; a mim, só mediocridade. Testei o Criador mais uma vez, quando fui estudar música. Novamente Ele me decepcionou. A Beethoven, Deus fez um gênio; a mim, um selvagem musical. Achei melhor dedicar-me a uma profissão que lidasse com números, porque nisso eu era bom. Mas o que isso tem a ver com economia?

Virou moda, no Brasil, acreditar-se em duas bobagens. Uma, que basta vontade política para implantar o paraíso na Terra. Outra é achar que a lei seja capaz de produzir milagres. O fenômeno repetiu-se na discussão do reajuste do salário mínimo. Determinado dirigente público chegou a afirmar que bastou vontade política ao governo do Paraná para fixar o maior salário mínimo estadual do país.

Sem entrar no mérito do salário mínimo no Paraná, cabe perguntar: se o problema é apenas questão de "vontade política", por que economizar na bondade? Por que não fixar o mínimo em dois mil reais? Ouvi um empresário afirmar que inflação se combate com vontade política e não com elevação da taxa de juros. Se ele quis dizer que é preciso vontade para agir, tudo bem. Mas, se quis dizer que a vontade substitui medidas de caráter econômico seria a primeira vez que alguém garante ser possível combater inflação com uma emoção: à vontade.]

Felizmente, a Constituição protege o direito de enunciar bobagens e ninguém precisa se preocupar. Não há punição para a estupidez. O problema é que um parlamentar custa caro, para sair por aí dizendo coisas sem sentido. O chanceler alemão Konrad Adenauer tinha razão, quando também reclamava do Criador, ao afirmar: "O bom Deus, que limitou a inteligência dos homens, infelizmente não limitou a estupidez".

Se vontade política e leis jurídicas resolvessem os problemas econômicos, bastaria exportar alguns legisladores para as nações pobres que a fome e a miséria seriam banidas naqueles países. Afora as ironias, só há uma forma de aumentar a fatia média do bolo de cada indivíduo: pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do crescimento da população. Ou seja, a produção de pão tem de aumentar mais que o aumento do número de bocas. Então, por que o PIB não cresce mais? Por uma razão simples: escassez dos fatores de produção, de que os dois principais são à força de trabalho e o estoque de capital.

A força do trabalho é medida pelo número de trabalhadores multiplicado pela quantidade de horas anuais trabalhadas. O capital é a soma dos instrumentos de produção à disposição da população (estradas, pontes, prédios, portos, aeroportos, máquinas, ferramentas, equipamentos, aparelhos, móveis, etc.). Também é importante a "habilidade" com que o trabalhador maneja o capital. Se dermos a dois trabalhadores dois machados e duas toras de madeira para que produzam lenha, ao final do dia o volume de lenha de um será diferente do outro. A essa habilidade no uso do machado chamamos "tecnologia".

Agora, imaginemos que a um terceiro lenhador seja dado uma motosserra elétrica. Este certamente produzirá muitas vezes mais do que os dois primeiros juntos. Não porque ele seja mais habilidoso, mas apenas porque lhe foi dado um "bem de capital" muito mais poderoso e mais eficiente. Pois bem, o número de trabalhadores, a quantidade de horas trabalhadas anualmente, o tamanho do estoque de bens de capital e o nível tecnológico são, todos, fatores limitados e escassos. Por isso, o tamanho do produto anual é limitado. Em países muito pobres, essa limitação (escassez) é tão grande, que o PIB é incapaz de alimentar minimamente a população.

A lei da escassez é uma das principais restrições ao progresso material da humanidade. Ela não é única. Há outras leis econômicas envolvidas no processo produtivo e somente com educação, desenvolvimento tecnológico, ética nas relações sociais e trabalho eficiente um país consegue progredir e vencer a fome e a miséria. Leis jurídicas são importantes, são um bem público, mas elas não têm a capacidade de superar limites e restrições físicas. Elas podem ajudar, mas não substituir os fatores reais de produção. Nenhuma vontade política e nenhuma lei podem me transformar num Pelé ou num Beethoven.

José Pio Martins, economista, é Reitor da Universidade Positivo.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Eleição de João Paulo II, “choque” que mudou a história

Apresentado em Roma livro sobre começo do seu pontificado

ROMA, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) - "Que coragem tiveram esses cardeais para eleger um Papa de um país que está o outro lado da Cortina de Ferro!": esta foi a primeira reação do então secretário de Estado da Santa Sé, Dom Agostino Casaroli, durante o anúncio, na Praça de São Pedro, da eleição de Karol Wojtyla.
Esta foi uma das recordações comentadas pelo cardeal Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos, por ocasião da apresentação, em 16 de fevereiro, em Roma, do livro "Choque Wojtyla - O começo do pontificado" (Shock Wojtyla - L'inizio del pontificato), publicado na Itália pela editora San Paolo, com a coordenação de Marco Impagliazzo, professor de História Contemporânea na Universidade para Estrangeiros de Perúgia.

O livro, através de 15 ensaios de vários autores, analisa as reações, em diferentes níveis - mundo católico, opinião pública, meios de comunicação, diplomacias, relações internacionais -, encontradas em todo o mundo, após o anúncio de 16 de outubro de 1978.

Este volume é o primeiro de uma série que, com o apoio do Serviço Nacional para o Projeto Cultural, da Conferência Episcopal Italiana, pretende reconstruir historicamente o pontificado de João Paulo II.

Choque histórico

"Chegou a hora - disse, na apresentação do livro, Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant'Egidio e autor da ideia deste projeto - de passar do patrimônio dos sentimentos despertados em todos nós pelo pontificado de Wojtyla à investigação histórica."

João Paulo II, de acordo com Riccardi, "não foi apenas um choque, mas também a terapia diante de duas crises fundamentais do cristianismo em 1978". Uma na Europa Oriental, onde "o medo inspirado pelo comunismo fazia pensar que a Igreja já não poderia fazer nada, e onde Wojtyla representou, no entanto, uma esperança".

E outra no Ocidente, "onde se havia afirmado a ideia de uma crise incontrolável do cristianismo frente ao secularismo, com relação à qual a eleição do Papa polonês demonstrou como a instituição milenar da Igreja ainda era capaz de juventude".

Choque diplomático

O acontecimento de 16 de outubro de 1978 foi capaz de mudar as relações internacionais. "Certamente - disse Lucio Caracciolo, diretor da revista geoestratégia italiana Limes -, isso marcou o fim da ostpolitik ["Política do Leste" em alemão, N. do T.] da Santa Sé", que, diante dos países do Leste atrás da Cortina de Ferro, "tornou-se muito mais incisiva e focada na figura do Papa, quem não aceitava o status quo, e teve um impacto único e talvez exclusivo na história. Enquanto nas chancelarias da Europa "prevalecia a prudência, na certeza de que a União Soviética duraria muito tempo, Wojtyla via com outros olhos uma outra época".

"As diplomacias, diante de uma mudança, reagiram com uma atitude conservadora, negando que coisas novas poderiam acontecer", constatou Caracciolo, concluindo: "A lição de João Paulo II nos diz, no entanto, que coisas novas podem acontecer".

Choque para a Polônia

Poucos podem afirmar isso com tanta certeza quanto o povo polonês. "O primeiro choque - lembrou Hanna Suchocka, primeira-ministra polonesa sob a presidência de Lech Walesa e hoje embaixadora no Vaticano - foi a imagem de Wojtyla no dia da sua eleição, que surgia da escuridão, levantando os braços para saudar a multidão na Praça de São Pedro."

"Foi um choque ainda maior para as autoridades comunistas - acrescentou Suchocka. Hoje sabemos disso devido aos documentos que estavam sendo preparados para estabelecer contato com o Papa que fosse eleito no conclave, ignorando a mediação da Igreja polonesa e, 'acima de tudo', do arcebispo de Cracóvia, Wojtyla..."

Quando se anunciou a eleição de João Paulo II, procuraram encontrar elementos positivos, dizendo: "Melhor um papa distante que um primaz próximo", mas sabiam "quão perigoso era para o sistema, pois ele conhecia seus pontos fracos e não era influenciável". A eleição de Wojtyla "mostrou as duas faces da sociedade polonesa: o temor dos comunistas e a incontrolável festa popular que lotou as ruas".

E, no dia da eleição, "João Paulo II, ignorando o protocolo, convidou a 'não ter medo'. Ninguém conseguia compreender a profunda influência destas primeiras palavras: tudo isto foi o choque inicial, que se tornou uma constante em um pontificado que mudou a Igreja e o mundo".

Choque surgido da fé

O cardeal Giovanni Battista Re tem a mesma opinião: "'Não tenham medo', 'abram as portas a Cristo': Nessas frases se resume a linha de todo o pontificado de João Paulo II", bem como na frase que ele pronunciou em Varsóvia, em sua primeira viagem à Polônia: "Não se pode excluir Cristo da história".

"Tudo o que motivou João Paulo II - enfatizou Re - influenciou a política e a história, mas nascia da fé."

"Nele, impressionava o perfil humano, a capacidade de falar às multidões, a profundidade do seu pensamento, o conhecimento do mundo graças à escuta de tantas pessoas, o fascínio dos jovens por ele."

Mas, sobretudo, "impressionava a intensidade da sua oração. (...) Como ele disse no santuário da Mentorella - concluiu o cardeal Re -, a primeira tarefa do Papa consiste em orar. Esta afirmação correspondia à sua mais profunda convicção".

(Chiara Santomiero)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Um pouco sobre o Coritiba Foot Ball Club

No ano de 1909, diversos jovens se reuniam no Clube Ginástico Teuto-Brasileiro Turnverein. Em uma das reuniões de Setembro a atenção de todos estava voltada para Frederico Fritz Essenfelder, importante membro do grupo, que apareceu no local com uma bola de couro na mão.

Após alguns cabeceios e embaixadas, Essenfelder apresentou o objeto aos colegas, explicando que se tratava de uma bola de futebol. O grupo de jovens se encantou com o novo esporte e passou a promover partidas entre eles no campo do Quartel da Força Pública.

Em pouco tempo, todos estavam completamente apaixonados e decidiram fundar um clube para a prática do futebol, primeiramente chamado de Coritibano Football Club. A fundação ocorreu no antigo Theatro Hauer, na noite de 12 de outubro de 1909. Em 1910, durante uma assembléia da diretoria resolveu-se alterar o nome para Coritiba Foot Ball Club.

Suas principais conquistas são o Campeonato Brasileiro de 1985 e os 34 campeonatos estaduais, sendo o recordista de títulos paranaenses. Possui ainda 2 Campeonatos Brasileiros da série B, conquistados em 2007 e 2010.

O Coritiba foi o primeiro time do Sul do Brasil a ganhar um campeonato de cunho nacional, o Torneio do Povo de 1973, o primeiro time do futebol paranaense a conquistar um Campeonato Brasileiro da Série A, e a disputar uma Copa Libertadores da América e uma Copa Sul-Americana; representando todo o pioneirismo do futebol paranaense no cenário futebolístico nacional.

Curiosidade 01 - Em 1909, ano de fundação do Coxa, a grafia da cidade era feita de duas maneiras: Coritiba, grafia européia, e Curityba, grafia tupi-guarani que significa "lugar com muito pinhão". Dez anos após, mudou-se para "Curitiba", porem o clube preferiu ficar com o nome tradicional.

Curiosidade 02 - Durante a partida final do Campeonato de 1941, um dirigente do Atlético/PR chamou o zagueiro alemão do Coritiba Hans Egon Breyer de "coxa branca". Os gritos acabam servindo de estímulo à equipe alviverde, que venceu por 3 x 1. O título foi muito comemorado e o termo virou sinônimo da torcida coritibana.

Curiosidade 03 - O Coritiba é o clube "alviverde" mais antigo do Brasil, seguido por Guarani (1911), Juventude (1913), Palmeiras (1914) e Goiás (1943).

Fonte: showdecamisas

sábado, 22 de janeiro de 2011

Exercício e testemunho de fé!

A paz de Jesus, irmãos!

Gostaria de partilhar com vocês a alegria de uma conquista para nosso Grupo de Oração Jovem Nova Geração, da Paróquia São Sebastião de Valinhos/SP, e de certa forma para o todo o Ministério Jovem, RCC e nossa amada Igreja.

Na metade do ano de 2010, os jovens de nosso Grupo de Oração decidiram por montar um time para participar do Campeonato Valinhense de Futsal. Conversamos com todos decidimos por usar o nome do grupo, com a condição de todos se esforçarem para dar testemunho de respeito e lealdade em quadra, mesmo em meio ao nervosismo das partidas! Essa conversa e decisão foram importantes para que todos nós pudéssemos relembrar e assumir nossa identidade de jovens cristãos católicos que estariam representando o grupo de jovens e a própria Igreja Católica!

Resultado: nos inscrevemos na 3ª divisão do Campeonato, e no dia 1º de dezembro, depois de dez partidas disputadas, conquistamos o título de maneira invicta! E mais importante que isso, demos testemunho dentro e fora de quadra, jogando com raça, determinação, mas com atitudes de jovens cristãos de humildade, respeito e fraternidade!

Irmãos, que alegria ouvir o técnico do time vice-campeão dizendo: "Nos sentimos honrados em perder para vocês, pela lealdade que vocês apresentaram durante todo o campeonato. O time de vocês é diferente e o futebol de Valinhos está precisando disso!". O técnico adversário ainda disse que no início do campeonato ao ver que o time era um grupo de jovens da Igreja, houve brincadeiras e até um certo menosprezo da nossa capacidade. Porém ao longo do campeonato, com os resultados do time e principalmente pela lealdade e respeito aos adversários, e ausência de brigas e confusões, o time ganhou respeito e passou inclusive a ser admirado e, nas palavras dele, até mesmo temido.

Fomos também notados pela equipe de arbitragem que também se admirou e nos parabenizou por ser um time "diferente", leal. Na reportagem do Jornal de Valinhos, foi destacada uma "emocionante oração" ao final da partida, quando convidamos o time vice-campeão para rezar conosco dentro da quadra. De maneira breve falamos do amor de Deus por nós e da importância de estarmos ali unidos!

Irmãos, tenho plena convicção que Deus tem chamado e aberto as portas à juventude para ser semeadora da Cultura de Pentecostes nos diversos ambientes juvenis, muitos deles ainda pouco explorados por nós! Sejamos ousados e assumamos nossa identidade de jovens de Deus em cada lugar por onde passarmos!

Muito mais importante do que ganhar campeonatos é saber que, sendo o que somos chamados a ser, fazemos a diferença e ganhamos almas para Deus!

Não tenham medo de testemunhar com a vida a alegria: somos jovens de Deus!

Deus abençoe a vida e missão de vocês!

Em 2011 contamos como foi na 2ª divisão!

Abraços,

André Amaral
Grupo de Jovens Nova Geração – Valinhos/SP
Ministério Jovem - RCC Campinas

Da batina à roupa de borracha: conheça o padre surfista

Fonte: globoesporte.com




Glênio Guimarães Braga Costa trocou o jaleco de dentista pela batina em 1991.  Passou por dioceses em São Paulo e Recife, e em 2010 solicitou transferência para Fernando de Noronha. Desembarcou em um arquipélago que, apesar de ser comparado ao paraíso, há mais de 50 anos não tinha um padre entre seus moradores. A carência de um pároco para as três igrejas centenárias construídas na região foi o motivo principal da mudança, mas padre Glênio assume que poder estar em contato com as belezas de Noronha também pesou em sua escolha. Agora ele se prepara para viver uma nova experiência.

No Globo Esporte desta sexta-feira você vai conhecer a história do padre que largou a cidade grande, se mudou para o paraíso e agora vai aprender a deslizar nas ondas da praia que homenageia um de seus antecessores: a Cacimba do Padre. Os professores são nada menos do que o decacampeão brasileiro de longboard, Picuruta Salazar, e o campeão brasileiro de surfe de 1989, Pedro Müller. A equipe do blog acompanhou a repórter Carol Barcellos e o repórter cinematográfico Luiz Cabral ao longo das gravações e preparou um making of desta produção. Assista ao vídeo, deixe seu comentário e não perca o Nas Ondas de Noronha 2,  neste domingo, no Esporte Espetacular.


João Paulo II será beatificado em 1º de maio

FONTE: Site Canção Nova (Leonardo Meira, com Rádio Vaticano) http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=279966

O Papa João Paulo II será beatificado em 1º de maio de 2011. A data foi oficializada na manhã desta sexta-feira, 14, com a assinatura do decreto de beatificação pelo Papa Bento XVI.

A cura da religiosa francesa Marie Simon Pierre do mal de Parkinson foi o milagre reconhecido para a Beatificação. Karol Wojtyla - nome de batismo de João Paulo II - faleceu em 2 de abril de 2005, após mais de 25 anos como Sucessor de São Pedro.




Processo de beatificação
28/04/2005 - Bento XVI concedeu dispensa do tempo de cinco anos de espera para o início da Causa de Beatificação e Canonização de João Paulo II. A causa foi aberta oficialmente em 28 de junho pelo vigário-geral para a Diocese de Roma, Cardeal Camillo Ruini;
2/04/2007 - dois anos após a morte, na Basílica de São João de latrão, em Roma, o Cardeal Camillo Ruini declarou concluída a primeira fase diocesana do processo de beatificação de João Paulo II, confiando os resultados à Congregação para as Causas dos Santos. Isso acontece através de uma cerimônia jurídico-processual durante o qual são lidos, em latim, as palavras para a passagem dos documentos, compostos por 130 testemunhos a favor e contra a beatificação, além da conclusão de teólogos e historiadores a respeito;
1º/04/2009 - os relatos de possíveis milagres pela intercessão do Papa polonês sob avaliação da Congregação para as Causas dos Santos somam mais de 250;
19/12/2009 - com um decreto assinado pelo Papa Bento XVI, são reconhecidas as virtudes heroicas e Wojtyla é proclamado venerável.


O milagre
A religiosa Marie Simon-Pierre foi diagnosticada com Mal de Parkinson em 2001. Segundo o testemunho da freira, a cura pela intercessão do Pontífice aconteceu em 2 de junho de 2005, quando ela tinha 44 anos.



Vida de João Paulo II
Fonte: site da Agência Ecclesia, de Portugal. http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?&id=83779

O Papa polaco, o primeiro do mundo eslavo, foi uma das figuras mais marcantes da história recente, na Igreja e no mundo, e deixou atrás de si a herança de um longo Pontificado de 26 anos e meio (1978-2005) o terceiro mais longo da história da Igreja.

Karol Wojtyla nasceu no dia 18 de Maio de 1920 em Wadowice, no sul da Polónia, filho de Karol Wojtyla, um militar do exército austro-húngaro, e Emília Kaczorowsky, uma jovem de origem lituana.

Em 1938 foi admitido na Universidade Jagieloniana, onde estudou poesia e drama. Durante a II Guerra Mundial (1939- 1945) esteve numa mina em Zakrzowek, trabalhou na fábrica Solvay e manteve uma intensa actividade ligada ao teatro, antes de começar clandestinamente o curso de seminarista...


Durante estes anos teve que viver oculto, junto com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo Cardeal de Cracóvia.

Ordenado sacerdote em 1946, vai completar o curso universitário no Instituto Angelicum de Roma e doutora-se em teologia na Universidade Católica de Lublin, onde foi professor de ética.

No dia 23 de Setembro de 1958 foi consagrado bispo auxiliar do administrador apostólico de Cracóvia, convertendo-se no membro mais jovem do episcopado polaco.

Participou no Concílio Vaticano II, onde colaborou activamente, de maneira especial, nas comissões responsáveis na elaboração da Constituição Dogmática Lumen Gentium e a Constituição conciliar Gaudium et Spes.

No dia 13 de Janeiro de 1964, Wojtyla assume a sede episcopal de Cracóvia. Dois anos depois, o Papa Paulo VI converte Cracóvia em arquidiocese.

Durante este período, como arcebispo, o futuro Papa caracterizou-se pela integração dos leigos nas tarefas pastorais, pela promoção do apostolado juvenil e vocacional, pela construção de templos apesar da forte oposição do regime comunista, pela promoção humana e formação religiosa dos operários e também pelo estímulo ao pensamento e publicações católicas.

O então arcebispo Wojtyla representou igualmente a Polónia em cinco sínodos internacionais de bispos entre 1967 e 1977.

Em Maio de 1967, aos 47 anos, foi criado cardeal pelo Papa Paulo VI.

Após a morte deste Papa e do seu predecessor, João Paulo I, o cardeal Karol Wojtyla é eleito como novo Papa, o dia 15 de Outubro de 1978 - primeiro não-italiano desde 1522, ano da eleição do holandês Adriano VI.

Tendo-se formado num contexto diferente dos Papas anteriores, João Paulo II viria a imprimir na Igreja um novo dinamismo, impondo ao mesmo tempo um maior rigor teológico e disciplinar.

“Toda a vida do Venerável João Paulo II decorreu sob o signo da caridade, da capacidade de doar-se com generosidade, sem reservas, sem medida, sem cálculos. O que o movia era o amor a Cristo, ao qual tinha consagrado a vida, um amor super-abundante e incondicionado”, disse Bento XVI, a respeito do seu predecessor.

A beatificação tem lugar no Domingo da Divina Misericórdia (primeiro depois da Páscoa), uma disposição do próprio João Paulo II, que criou esta festa por altura do jubileu do ano 2000.

Férias

Como diz aquele comercial antigo, Verão época que fazemos as loucuras que iremos contar aos nossos netos rs...

Com a graça de Deus pude neste ano de 2011 curtir minhas férias de uma forma diferente, meio caixeiro viajante, mas de tudo muito interessante...

Viajei pelo Paraná em Guarapuava, Cascavel, Foz do Iguaçu, Toledo, Campo Mourão, Maringá, Londrina além de algumas esticadas por Paraguai e Argentina.

Em breve publicarei um diário de bordo com os acontecimentos, aventuras, palhaçadas e tudo mais que pude experienciar nestes dias.