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segunda-feira, 20 de junho de 2011

SÉCULO 21, AGENDA DO SÉCULO 19

Uma das razões do atraso brasileiro são as escolhas erradas em relação
ao que é importante e o que é prioritário, o que contribuiu para o
país se especializar em combater o inimigo errado e fazer os
investimentos menos capazes de superar o atraso. Citemos dois fatos:
Fato 1. Os bancos vêm apresentando altos lucros em seus balanços,
provocando, como sempre, broncas e protestos. Um parlamentar afirmou
que teria de haver um limite ético para o lucro dos bancos. Será
mesmo? Valem aí duas perguntas: a) com quais critérios se poderia
julgar o lucro de uma atividade empresarial? b) será que deve haver
limite ético para o lucro de qualquer empresa? Um exemplo
interessante: a Petrobras, sozinha e beneficiada pelo monopólio,
lucrou mais do que dez grandes bancos juntos sem que os detratores dos
banqueiros tenham proposto um limite ético para o lucro da Petrobras.
Analisemos o caso. O que deve ser tomado como base para se saber se o
lucro é condenável ou não é apenas "a forma como ele é obtido".
Primeiro, é aceitável, e desejável, todo lucro que derive de atividade
reconhecida pela sociedade como algo de valor, útil e necessária.
Segundo, é inaceitável todo lucro obtido em atividade não reconhecida
pela sociedade como útil e de valor ou mediante favores ou privilégios
negados aos concorrentes.
Na época da inflação, o sistema financeiro chegou a representar um
quinto de todo o Produto Interno Bruto (PIB), o que não é razoável,
situação possível porque o organismo econômico vivia doente, sob
infecção inflacionária. O volume de atividade e de lucro dos bancos
era muito superior ao valor reconhecido pela sociedade e bem maior do
que internacionalmente se aceita como percentual razoável em relação
ao PIB. Essa situação era condenável, mas não por culpa dos bancos, e,
sim, por culpa de uma economia distorcida pela inflação e por governos
perdulários.
Nesse assunto, não há que meter a ética no meio nem culpar os
banqueiros, pois o responsável pela inflação mora em Brasília, nos
governos estaduais e nas prefeituras. Ademais, a moral situa-se em
outra ordem. Os bancos são meras empresas, que se nutrem do mercado,
saudável ou doente. Os bancos são necessários em qualquer economia,
mas devem estar limitados ao tamanho razoável do setor financeiro em
relação ao todo. O tamanho exagerado dos bancos  vinha  da inflação e
bastou que ela fosse debelada para que as atividades bancárias
retrocedessem muito. Se o setor financeiro diminuiu, não foi por
razões morais; foi por razões econômicas.
Fato 2. O governo anunciou que metade da população brasileira não tem
acesso a saneamento básico. Isso é tenebroso, contra o que a sociedade
precisa se indignar e lutar. Os especialistas afirmam que uma criança
entre zero e três anos e que sofra alguma doença derivada da falta de
água tratada pode ter sua acuidade mental prejudicada pelo resto da
vida. Essa criança tem sua capacidade intelectiva reduzida, fica com
dificuldades para aprender e sua qualificação profissional é
prejudicada.
Se é certo que a criança pode ter sua capacidade mental afetada por
doenças derivadas da simples falta de esgoto e de água tratada,
passando a ter dificuldades para aprender os conteúdos da educação
básica, então o saneamento deveria ser elevado à condição de
prioridade maior do país. Na semana em que abundaram notícias sobre o
drama do saneamento básico, qual foi o grande assunto no governo?
Estádios de futebol e trem bala.
Um país em que metade de sua população não tem rede de esgoto está com
o futuro seriamente comprometido. É triste demais, sobretudo se esse
país não for miserável, como é o caso do Brasil. Cabe perguntar: "Para
onde estão indo os 40% da renda nacional que a sociedade entrega ao
governo em forma de tributos?". A revista ÉPOCA, em sua edição de
12/06/2011, ajuda a responder a essa pergunta. Em extensa reportagem,
a revista mostra que somente o governo federal tem participação em 675
empresas, entre estatais que ele controla e empresas privadas das
quais ele participa como sócio.
Definitivamente, no quesito de saber o que é importante e que é
prioridade, o Brasil tem falhado. E não há sinais de que isso vá mudar
tão cedo, apesar de a presidente Dilma Rousseff ter levantado o
problema da falta de saneamento em seus debates quando era candidata.
Mas, candidato é candidato, governo é governo.
José Pio Martins, economista, é Reitor da Universidade Positivo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Em carta, Dilma tece elogios e atribui fim da inflação a FHC

FOLHA DE SÃO PAULO

Em carta recheada de elogios, a presidente Dilma Rousseff classificou Fernando Henrique Cardoso como "acadêmico inovador", "político habilidoso" e "o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica".

A mensagem foi publicada ontem em site especial criado para comemorar os 80 anos de FHC, que faz aniversário no próximo sábado.

No texto, Dilma diz que o tucano acredita no "diálogo como força motriz da política", "foi essencial para a consolidação da democracia brasileira" e luta por seus ideais "até os dias de hoje".

"Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas justamente por isso maior é a minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias."

A presidente também elogiou FHC por ter sido o primeiro antecessor desde Juscelino Kubitschek a entregar a faixa a um político oposicionista também eleito.

E despediu-se chamando o adversário de "querido presidente" e transmitindo-lhe um "afetuoso abraço".

Dilma conviveu com FHC em 2002, quando integrou a equipe de transição montada pelo então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

O tom elogioso da carta de Dilma contrasta com a relação conflituosa entre Lula e FHC. Enquanto ocupou o Palácio do Planalto, o petista acusou o antecessor de deixar uma "herança maldita".

Em abril, o acusou de querer "esquecer o povão", após o tucano defender que a oposição se volte para a "nova classe média". FHC se irritou e desafiou Lula a disputar uma nova eleição contra ele.

Além da carta de Dilma, o site comemorativo reúne depoimentos elogiosos de políticos brasileiros e estrangeiros, como Bill Clinton e Tony Blair, ex-ministros, empresários e celebridades como Roberto Carlos, Paulo Coelho e o ex-jogador Ronaldo.