Este é um espaço democratico, falarei de família, amigos, religião, política, trabalho, universidade, cultura, esportes, festas, bebidas e etc...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

São Rafael de São José

Coincidências a parte pelo fato de meu nome ser Rafael José, e na infância ter morado na cidade de São José dos Pinhais - PR onde fui batizado na Paróquia N. Sra. dos Montes Claros, segue um pouquinho da história deste santo que descobri hoje. São Rafael de São José, rogai por nós!
 
Nascido no dia 1o de setembro de 1835, em Vilna, antiga Lituânia, atual Polônia, era filho do casal André e Josefina, ambos de famílias nobres. Foi batizado com o nome de José e educado pelos pais dentro da religião cristã. Aos oito anos, ingressou no Instituto para os Nobres, da sua cidade natal, onde seu pai era professor e diretor.

Na juventude, pensando em cursar estudos superiores, o pai sugeriu-lhe que freqüentasse a universidade de agronomia, mas ele preferiu estudar engenharia civil. Em 1852, foi para a Rússia, onde ficou durante dois anos, mas não conseguiu vaga na Universidade de Petersburgo, Então, matriculou-se na Escola Militar de Engenharia.

A sua fé durante a vida juvenil decorreu à sombra do Santuário de Nossa Senhora do Carmo. Era um aluno brilhante, mas estudando perdeu a fé. Em 1855, terminado o curso básico, foi admitido para a Academia Militar Superior. Seus dotes morais e sua inteligência realmente eram muito evidenciados Atingiu altos postos na carreira militar, apesar de que não era essa vida que pretendia, mas a Providência Divina o guiava nessa direção.

Em janeiro de 1863, apesar de ter renunciado, foi convidado para o cargo de ministro da Guerra da Lituânia. Assumiu, porque havia estourado a guerra contra a Polônia, para lutar pela liberdade do seu povo e nação. Mas, ao mesmo tempo, também se reconciliou com a fé. Nesse mesmo ano se confessou, comungou e iniciou uma vida de intensa espiritualidade e devoção a Jesus, José e Maria.

Os lituanos foram os perdedores e ele acabou prisioneiro. Foi deportado para a Sibéria, levando consigo apenas o Evangelho, o livro "Imitação de Cristo" e um crucifixo bento, presente de uma de suas irmãs. Foram dez anos no campo de concentração passados nos trabalhos forçados e rezando com seus companheiros.

Libertado e repatriado, entrou na Ordem dos Carmelitas Descalços de Graz, aos quarenta e dois anos de idade, em 1877. Vestiu o hábito dos carmelitas e tomou o nome de Rafael de São José, em 1882, quando recebeu a ordenação sacerdotal.

Distinguiu-se no zelo pela unidade da Igreja e no apostolado infatigável do sacramento da reconciliação. Foi trabalhar no Convento de Cezerna, na Polônia, país em que fundou diversas comunidades.

O grande restaurador da Ordem dos Carmelitas na Polônia morreu no dia 15 de novembro de 1907, em Vadovice, cidade natal do papa João Paulo II, que o canonizou em 1991. A festa em memória a são Rafael de São José foi indicada para o dia 19 de novembro.
 

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Eleições e o Aborto - Reflexão

A paz de Jesus amados irmãos!

Estamos nos últimos dias de campanha eleitoral e prestes a decidir
pelo nosso voto quem irá nos representar no governo, como nunca
aconteceu antes vemos uma imensa campanha de nós católicos e de nossos
irmãos evangélicos contra o aborto e contra candidatos que
supostamente são favoráveis a este. Mandamos e recebemos também tantos
e-mails, fotos, vídeos dizendo em quem não votar, porque fulano,
ciclano e beltrano são favoráveis a discriminação do aborto e etc sem
ao menos saber se a fonte é confiável ou não.

Queria através deste e-mail provocar uma grande reflexão a respeito
disso, creio que independente do resultado das urnas, o que decidirá
se a cultura da morte através do aborto será implantada em nosso país
ou não somos nós!

Não é o presidente da república!

Mas porque nós?!

Primeiramente, ao contrário do que pensamos, quem decide se haverá
descriminalização do aborto ou não serão nossos deputados e senadores
e não o presidente, se a Dilma, o Serra, a Marina, o Plínio ou outro
candidato vencer esta eleição para presidente, não terão poder
suficiente para esta ação, pois vivemos num estado de democrático de
direito, é a nossa constituição que determina isso.

Somos uma democracia composta de três poderes, o judiciário, o
legislativo (vereadores, deputados estaduais-distritais-federais e
senadores ao qual é encarregado de decidir sobre todas as questões
relevantes a nossa nação) e o executivo (prefeitos, governadores e
presidente ao qual é responsável por executar o que o legislativo
decidir).

Estamos focando tanto em não eleger a Dilma presidente que esquecemos
do principal, que é eleger bons deputados e senadores, pessoas que
respeitem a vida em toda a sua plenitude, desde a concepção até a
morte natural com a dignidade humana de filhos de Deus. Irmãos, de
nada adianta elegermos um presidente contrário ao aborto e votarmos em
deputados e senadores que por um simples projeto de lei podem
descriminalizá-lo.

Sendo assim, venho através deste fazer o contrário de tantos outros
e-mails que lotam nossas caixas de entrada, não vou dizer em quem não
votar, quero é indicar pessoas sérias e comprometidas as quais podemos
votar sem medo, pessoas que lutarão por um país justo e que respeite a
vida em todas as suas formas para cargos que realmente podem
contribuir para isso.

Por isso apresento-os o Evandro e o Juraci, acima de candidatos são
dois amigos, pessoas cristãs e comprometidas com a dignidade humana!

O Evandro é candidato a Deputado Estadual, este irmão foi vereador e
agora é vice-prefeito de Marialva na região metropolitana de Maringá,
tem vasta experiência política, um grande histórico na igreja católica
e acima de tudo uma pessoa comprometida com Deus e com a moral cristã.

O Juraci, mais conhecido como Jura, é candidato a Deputado Federal,
este irmão é empresário em Curitiba, apresentador do programa de TV
Pesca e Prosa, possuiu caráter fantástico, tem uma grande história
cristã é membro ativo da igreja católica e é comprometido com a
dignidade humana.

Esses irmãos sem sombras de dúvidas podem contribuir através de seus
mandatos com o desenvolvimento de nosso país pautados na dignidade
humana, no respeito a vida em todas as suas formas e na moral e ética!

Peço a você que ainda não decidiu em quem votar para analisar o
histórico destes dois irmãos candidatos e se julgá-los aptos possam
votar neles.

Evandro 31031 – Deputado Estadual

Jura 3131 – Deputado Federal

Este é um e-mail pessoal, não estou copiando ou encaminhando, apenas
demonstrando o meu apoio a estes amigos.

Um abraço de seu irmão em cristo,

Rafael Duraes

sábado, 18 de setembro de 2010

Bento XVI aos jovens: todo dia há que optar pelo amor

Convida-os à oração e ao silêncio para descobrir o "verdadeiro eu"

LONDRES, sábado, 18 de setembro de 2010 (ZENIT.org) – Para se
descobrir o verdadeiro eu e encontrar Deus são necessários o silêncio
e a oração, afirmou neste sábado o Papa Bento XVI aos jovens que o
esperavam nos arredores da catedral de Westminster.

Milhares de jovens ingleses seguiram, através de telões, a Missa
celebrada pelo Papa na catedral de Westminster. Ao término da
celebração, Bento XVI saiu ao átrio para dali saudá-los e dirigir-lhes
em breve discurso.

Recordando o lema desta viagem – "O coração fala ao coração" –, o Papa
pediu que jovens "olhem no interior de seu próprio coração", que
pensem "em todo amor que seu coração é capaz de receber, e em todo
amor que é capaz de oferecer".

"Fomos criados para receber o amor, e assim tem sido", afirmou o Papa.
Ele convidou os jovens a "agradecer a Deus pelo amor que já
conhecemos, o amor que nos fez quem somos, o amor que nos mostra o que
é verdadeiramente importante na vida".

"Precisamos dar graças ao Senhor pelo amor que recebemos de nossas
famílias, nossos amigos, nossos professores e todas as pessoas que em
nossas vidas nos ajudaram a nos dar conta do quão valiosos somos a
seus olhos e aos olhos de Deus".

O homem também foi criado para amar – prosseguiu o Papa. "Às vezes,
isso parece o mais natural, especialmente quando sentimos a alegria do
amor, quando nossos corações transbordam de generosidade, idealismo,
desejo de ajudar os demais e construir um mundo melhor".

"Mas outras vezes constatamos que é difícil amar; nosso coração
pode-se endurecer facilmente pelo egoísmo, a inveja e o orgulho".

O amor – prosseguiu – "é o fruto de uma decisão diária. Cada dia temos
de optar por amar, e isso requer ajuda". Por isso, convidou os jovens
a dedicarem tempo a Jesus na oração.

"A verdadeira oração requer disciplina; requer buscar momentos de
silêncio todo dia. Muitas vezes significa esperar que o Senhor fale".

"Inclusive em meio ao cansaço e às pressões de nossa vida cotidiana,
precisamos de espaços de silêncio, porque no silêncio encontramos
Deus, e no silêncio descobrimos nosso verdadeiro ser", acrescentou o
Papa.

Quando isso sucede – concluiu –, "ao descobrir nosso verdadeiro eu,
descobrimos a vocação particular à qual Deus nos chama para a
edificação de sua Igreja e a redenção de nosso mundo".

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Papa pede que não se poupem esforços na busca de católicos afastados no Brasil

Contra abandono da vida eclesial, pontífice indica nova evangelização

ROMA, sexta-feira, 10 de setembro de 2010 (ZENIT.org) – O abandono da
vida eclesial por parte de muitos fiéis católicos registrado no Brasil
é indício de uma evangelização superficial, que deve ser combatida com
a promoção do encontro pessoal com Jesus Cristo, afirma Bento XVI.

Ao receber os bispos do Regional Nordeste III (Estados da Bahia e
Sergipe) da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) na manhã
desta sexta-feira, o Papa, em seu  discurso aos prelados, no Palácio
Apostólico de Castel Gandolfo, fez um convite a uma nova evangelização
do país.

Ao recordar que há mais de cinco séculos se celebrava a primeira Missa
no Brasil e que "os valores da fé católica" moldaram "o coração e o
espírito brasileiros", o pontífice alertou para a "crescente
influência de novos elementos na sociedade, que há algumas décadas
eram-lhe praticamente alheios".

"Isso provoca um consistente abandono de muitos católicos da vida
eclesial ou mesmo da Igreja, enquanto no panorama religioso do Brasil,
se assiste à rápida expansão de comunidades evangélicas e
neo-pentecostais."

O abandono da fé católica é "um indício de uma evangelização, a nível
pessoal, às vezes superficial; de fato, os batizados não
suficientemente evangelizados são facilmente influenciáveis, pois
possuem uma fé fragilizada e muitas vezes baseada num devocionismo
ingênuo, embora, como disse, conservem uma religiosidade inata",
afirmou o Papa.

Diante deste quadro – prossegue Bento XVI –, emerge "a clara
necessidade que a Igreja católica no Brasil se empenhe numa nova
evangelização que não poupe esforços na busca de católicos afastados
bem como daquelas pessoas que pouco ou nada conhecem sobre a mensagem
evangélica, conduzindo-os a um encontro pessoal com Jesus Cristo, vivo
e operante na sua Igreja".

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Congresso Latino-Americano de Jovens na Venezuela

LOS TEQUES, quinta-feira, 9 de setembro de 2010 (ZENIT.org) – 550
jovens da América Latina e do Caribe participam no III Congresso
Latino-Americano de Jovens (3CLAJ), promovido pela Seção de Juventude
do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e o Departamento
Nacional de Pastoral Juvenil e Universitária da Conferência Episcopal
da Venezuela. O evento propõe revitalizar as propostas de
evangelização da juventude.
O congresso acontece de 5 a 11 de setembro, em Los Teques, Venezuela,
sob o lema "Caminhemos com Jesus para dar vida a nossos povos".

Na celebração na catedral de Los Teques, o bispo local, Dom Freddy
Fuenmayor, convidou os jovens a renovarem e enraizarem o impulso
missionário em sua ação pastoral.

O Papa Bento XVI enviou uma mensagem em vídeo, em espanhol, aos
participantes do congresso, em que exortou ao encontro pessoal com o
Senhor e a escutar sua Palavra.

"A todos os presentes nessa significativa iniciativa – acrescentou –,
eu convido a colocar os olhos em Jesus Cristo, Filho de Deus vivo. Com
sua graça, encontrarão a força que impulsiona a se comprometer com as
causas que dignificam o homem e engrandecem os povos".

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Jornada Mundial da Juventude de Madri renovará a Igreja

Entrevista com o sacerdote que organiza a partir de Roma a JMJ

Por Anita S. Bourdin

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 6 de setembro de 2010 (ZENIT.org) –
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Madri não será um evento
pontual, mas renovará toda Igreja, assegura o responsável pela Seção
de Jovens do Conselho Pontifício para os Leigos.

Em virtude deste cargo, o sacerdote francês Eric Jacquinet está dando
seguimento a partir do Vaticano à preparação dessa JMJ, que acontece
em agosto de 2011.

Nesta entrevista concedida a ZENIT, ele reflete sobre a mensagem que o
Papa acaba de dirigir aos jovens por ocasião da JMJ, que terá como
tema "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf.
Colossenses 2, 7).

ZENIT: O Papa escreveu uma encíclica sobre a caridade e uma sobre a
esperança. Por que decidiu agora discutir com os jovens o tema da fé?

Padre Eric Jacquinet: O Papa presta muita atenção na situação dos
jovens no contexto atual. Sabe que a juventude é um período
caracterizado por grandes aspirações. Nesse sentido, oferece um
testemunho pessoal muito impactante, nesta mensagem, recordando sua
própria juventude, sua aspiração a uma vida grande e bela, em momentos
da ditadura do nacional-socialismo. Agora, constata que muitos jovens
estão desiludidos e sem pontos de referência para edificar suas vidas.
E o Santo Padre está convencido de que é o resultado de uma cultura
ocidental marcada por três males: o eclipse do sentido de Deus, o
relativismo e o niilismo. Como resposta, o Papa oferece aos jovens uma
visão positiva da existência, baseada na fé em Deus.

ZENIT: Como o Papa articula esta proposta?

Padre Eric Jacquinet: Para falar da fé, o Papa utiliza duas imagens
presentes no tema: a da árvore enraizada e a da casa edificada sobre o
cimento. Assim como a árvore precisa de raízes para viver e resistir à
intempérie, do mesmo modo o Papa convida os jovens a encontrar em
Cristo o manancial de sua vida. E assim como a casa só é sólida se se
funda em cimento estável, do mesmo modo nossas vidas só se edificam de
maneira duradoura sobre a Palavra de Deus, acolhida com a Igreja. A fé
na Palavra de Cristo é, portanto, o antídoto para os venenos do
eclipse de Deus, do relativismo e do niilismo, com seu conjunto de
consequências negativas para a vida dos jovens. O Papa os convida a
entrar em comunhão profunda com Cristo, em quem encontrarão vida.

ZENIT: Qual é, segundo o senhor, o ponto chave desta mensagem do Papa
aos jovens do mundo?

Padre Eric Jacquinet: O tema da JMJ de Madri está tomado da carta de
Paulo aos Colossenses, pois estes também estavam contaminados por
filosofias religiosas que desviavam os cristãos do Evangelho. O Papa
constata que nos encontramos na mesma situação. Uma corrente laicista
quer excluir Deus da vida pública e correntes religiosas anunciam uma
felicidade sem Cristo. Como fazia São Paulo, o Papa recorda que o
caminho da felicidade passa pela salvação da Cruz de Cristo e que as
demais propostas não são mais que ilusões. Bento XVI leva, portanto,
os jovens a encontrar Cristo na Cruz, com palavras muito fortes: "a
cruz frequentemente nos dá medo, porque parece ser a negação da vida.
Na realidade, é o contrário. É o 'sim' de Deus ao homem, a expressão
máxima de seu amor e a fonte de onde emana a vida eterna [...]. Por
isso, quero convidar-vos a acolher a cruz de Jesus, sinal do amor de
Deus, como fonte de vida nova". Depois, mostrará como o apóstolo Tomé,
que nos representa muito bem, passou da dúvida à fé em Cristo morto e
ressuscitado.

ZENIT: Como os jovens podem colocar em prática durante este ano os
ensinamentos do Papa?

Padre Eric Jacquinet: Durante todo este ano, os jovens são convidados
a se reunir em grupos pequenos, em suas paróquias, capelanias,
movimentos, grupos de oração, para meditar esta carta. Por que não se
lê um parágrafo por mês, pedindo a cada jovem que reflita com
antecedência sobre algumas perguntas para deixar espaço depois a um
momento de partilha?

ZENIT: Em 2010, a JMJ celebra seus 25 anos. Quais são seus frutos?

Padre Eric Jacquinet: São numerosos. Antes de tudo, para os jovens,
são um lugar de experiência espiritual, de descoberta da presença de
Cristo vivo. Por outro lado, é uma experiência eclesial muito forte.
Encontramos jovens católicos, solidamente enraizados em Cristo,
procedentes do mundo inteiro. Os sacerdotes e bispos (que oferecerão
as catequeses) também se aproximam dos jovens. Isso reforça
consideravelmente o laço dos jovens com Cristo e com a Igreja. E
mostra ao mundo uma imagem renovada e bela da Igreja. De fato, as JMJ
existem porque há jovens que se comprometem. Estes jovens depois
continuam seu compromisso na Igreja. As JMJ têm gerado um grande
número de vocações consagradas e sacerdotais. Por último, pode-se
dizer que, para o país de acolhida, a JMJ é uma grande bênção. Dado
que exige o compromisso de todas as realidades eclesiais, a JMJ é a
oportunidade para uma renovação profunda da Igreja, das paróquias, dos
grupos de jovens, no país de acolhida.

ZENIT: Às vezes se diz que as JMJ são um acontecimento pontual, sem
projeção posterior. Que pensa?

Padre Eric Jacquinet: No Evangelho, os encontros dos discípulos com o
Ressuscitado são acontecimentos pontuais, de duração curta, mas que no
entanto mudaram a vida dos discípulos e deram frutos para a história
do mundo. Pode acontecer o mesmo com alguns acontecimentos eclesiais,
como é a JMJ. Além disso, cada JMJ não é um simples acontecimento de
cinco dias. É um processo que se desenvolve em um ou dois anos de
preparação e que depois dá frutos, se se sabe colher. Em geral,
pode-se dizer que durante estes 25 anos as JMJ têm contribuído
realmente para a formação de novas gerações de católicos, pessoas que
hoje estão comprometidas na Igreja e na sociedade. E isso tem um
impacto mensurável em alguns lugares.

ZENIT: Como se desenvolverá a JMJ de Madri?

Padre Eric Jacquinet: A abertura será na terça-feira, 16 de agosto,
com uma missa presidida pelo arcebispo de Madri, cardeal Antonio María
Rouco Varela. O Papa chegará na quinta-feira, 18 de agosto. Pelas
manhãs de quarta, quinta e sexta-feira, haverá as catequeses, em cerca
de 300 locais, por grupos linguísticos. Na sexta-feira, acontece a
Via-Sacra, que sem dúvida será muito emocionante, como em cada
ocasião. O festival da juventude irá propor atividades culturais
(exposições, espetáculos, debates, encontros) todas as noites. O
sábado à noite será o momento da grande vigília e no domingo acontece
a missa de encerramento. Não haverá tédio!

ZENIT: Como se inscrever?

Padre Eric Jacquinet: É muito simples. A página oficial –
http://www.madrid11.com – permite se inscrever em grupos desde julho.
A ideia é alentar todos os jovens a unirem-se a um grupo, ali onde
estão, para viajar juntos. Pode ser um grupo da paróquia ou da
diocese. Também há movimentos, comunidades e associações que propõem
viajar com eles. Estes grupos propõem uma primeira escala em uma
diocese espanhola, nos dias precedentes à JMJ, para participar de um
primeiro encontro, acolhidos nas paróquias e famílias, até 15 de
agosto. Todos os grupos se dirigem depois para Madri.

Jovens fazem pequenos negócios para financiar ida à JMJ

Lavam carros, vendem comida, doces e bijouterias

MADRI, segunda-feira, 6 de setembro de 2010 (ZENIT.org) – Viajar até
Madri para participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não é uma
tarefa fácil para a maioria dos jovens. Em muitos países, o custo da
viagem é elevado, e a economia dos jovens não consegue custear os
gastos. Contudo, a ilusão e o entusiasmo os fazem utilizar sua
criatividade para desenvolver atividades que lhes permitam ganhar
algum dinheiro para pagar a viagem.
O Departamento de Comunicação da JMJ mostrou algumas destas
iniciativas desempenhadas por diversos grupos de jovens de todo o
mundo para financiar a participação neste evento juvenil.

Karen, Paulina e Nataly, de 23, 19 e 17 anos, respectivamente, são
três amigas que em menos de um ano viajarão para Madri. Nasceram em
Medellín, Colômbia, onde trabalham e estudam.

"Depois da JMJ de Sidney, vimos um vídeo no qual o Papa anunciava que
a próxima JMj aconteceria em Madri – conta Karen –. Encheu-nos de
emoção e pedimos ao Senhor que nos permitisse estar lá."

"Estamos fazendo diferentes trabalhos, como a venda de bolos, doces,
entre outros". Elas também preparam café da manhã em suas paróquias
ocasionalmente aos domingos.

Outro exemplo é Deissy, da cidade colombiana de Cundinamarca. Ela
relata que junto com seu grupo de amigos promove almoços em encontros
que são organizados todo mês. Juntos eles fazem ainda a "caminhada do
ovo", na qual os jovens visitam casas do bairro para pedir doação de
ovos para que possam vendê-los depois.

Em Pereira, povoado colombiano situado no Eixo Cafeeiro, financiados
por uma empresa, os jovens estão fazendo milhares de pulseiras, "que
vendemos em feiras e centros comerciais", explica Didier Duque,
responsável pelo grupo de jovens da catedral Nossa Senhora da Pobreza.

Já Ieda, de Brasília, Brasil, explica que em sua paróquia "estamos
fazendo de tudo". O que mais tem êxito é "a venda de água mineral em
eventos diversos" ou "lavar os carros das pessoas da paróquia", conta
entusiasmada.

Em Arequipa, Peru, os jovens também realizam atividades visando à
viagem a Madri. Jesús, de 20 anos, e vários de seus amigos
confeccionam chaveiros e separadores para Bíblias, além de livros
enfeitados com imagens religiosas. Contudo, a ideia mais nova que
tiveram é a venda de cabides, algo que vários outros jovens também
começaram a "fabricar" para vender.

Alguns jovens têm Madri presente quase 24 horas por dia. Consultam
mapas e atlas para ver onde será situada a sede da JMJ. Outros o fazem
por meio da internet.

Maria, que mora em El Salvador, conta que vende "roscones de Reyes",
algo "muito típico na Espanha", explica. "Também elaboramos torrijas",
outro doce tradicional espanhol que se consome na Semana Santa.

A maioria destes jovens coincide em afirmar que a viagem começa no
momento em que são desenvolvidas estas tarefas. São só algumas ideias,
mas há muitas outras que lhes abrirão o caminho até Madri. Por isso, a
Jornada Mundial da Juventude, para eles, já começou.

Meios de comunicação não compreenderam a mensagem do Papa aos jovens

Apresentam-na como se o Papa não entendesse seus problemas laborais

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 7 de setembro de 2010 (ZENIT.org) –
Os meios de comunicação "descuidaram ou entenderam mal" a mensagem que
Bento XVI acaba de enviar aos jovens, motivo pelo qual o diretor do
jornal vaticano, L'Osservatore Romano, propõe em um editorial de
primeira página que se leia esse documento.

Giovanni Maria Vian faz referência aos artigos publicados pela
imprensa, ou aos comentários de rádio e televisão, entre 3 e 5 de
setembro, sobre a mensagem do Papa para a JMJ de Madri (agosto de
2011).

Muitos órgãos informativos colocaram nos lábios do Papa palavras que
ele nunca escreveu. Segundo algumas manchetes, o Papa teria dito aos
jovens que "Deus vem antes de um posto fixo de trabalho", como se o
Papa não se importasse com as dificuldades laborais e a precariedade
que a juventude vive atualmente. O título aparecia com frequência
entre aspas, mas o Papa nunca escreveu algo assim.

A mesma constatação expressou o diretor do jornal católico italiano
Avvenire, Marco Tarquinio, que confessa: "abrimos os jornais e ficamos
aturdidos. A mensagem do Papa é apresentada como um convite à
precariedade".

Pelo contrário, o pontífice escreve que "a questão do lugar de
trabalho, e com ela a de ter um porvir assegurado, é um problema
grande e urgente", passagem que, segundo denuncia o diretor de
Avvenire, "desaparece" das crônicas jornalísticas.

Tarquinio dirige-se aos jornalistas especializados em informação
religiosa para pedir-lhes mais respeito pelos jovens e pelo Papa e
convida, antes de tudo, a compreender o texto.

Já o diretor de L'Osservatore Romano considera que o texto do Papa foi
"descuidado ou mal entendido pela mídia".

"A uma cultura que duvida dos valores fundamentais, o Papa voltou a
apresentar como decisivo o encontro com Jesus, apoiado pela fé da
Igreja", diz Giovanni Maria Vian.

"Não tem sentido 'tentar eliminar Deus para dar vida ao homem" –
afirma o diretor –, sintetizando a mensagem papal, definida como "um
texto apaixonado e cheio de testemunhos pessoais: desde a recordação
da JMJ de Sydney até o de sua juventude asfixiada pela ditadura
nazista, quando desejava superar 'a mediocridade da vida aburguesada'
com o encontro com Cristo'".

"Uma espécie de carta escrita com a paixão inesgotável de uma vida. E
com a sabedoria de quem verdadeiramente encontrou Jesus", conclui.

Mas para descobrir a "sabedoria" desta mensagem, como reconhecem os
dois diretores dos jornais católicos, é necessário lê-la.

domingo, 5 de setembro de 2010

A proposta “contra a corrente” do Papa: jovens enraizados e edificados

Bento XVI explica sua Mensagem para a JMJ durante a oração do Angelus
CASTEL GANDOLFO, domingo, 5 de setembro de 2010 (ZENIT.org) – A Mensagem da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que se celebrará em Madri em agosto de 2011 é "decididamente uma proposta contra a corrente", destacou o Papa neste domingo, durante a oração do Angelus em Castel Gandolfo, depois de sua visita apostólica a Carpineto Romano.

"Quem, de fato, propõe hoje aos jovens estar 'enraizados e edificados?'", perguntou, e ressaltou que "o que mais se exalta é a incerteza, a inconstância, a volatilidade... aspectos que refletem uma cultura indecisa no que se refere aos valores fundamentais, aos princípios em base aos quais orientar e regular a própria vida".

Perante centenas de peregrinos em Castel Gandolfo, Bento XVI destacou que, para ajudar no percurso de descoberta do sentido da vida que toda pessoa está chamada a fazer, ele quis evocar as imagens da árvore e da casa.

"O jovem, de fato, é como uma árvore em crescimento: para se desenvolver bem, precisa de raízes profundas, que, no caso de tempestades de vento, tenham-no bem plantado no solo", disse.

"Assim também a imagem do edifício em construção recorda a exigência de fundamentos válidos, para que a casa seja sólida e segura."

O pontífice quis explicar brevemente a Mensagem que dirigiu aos jovens para a próxima JMJ, que tem como tema "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf. Col 2,7).

Indicou que o coração da Mensagem encontra-se nas expressões "em Cristo" e "na fé", e que "a plena maturidade da pessoa e sua estabilidade interior baseiam-se na relação com Deus, relação que passa através do encontro com Jesus Cristo".

"Uma relação de profunda confiança, de autêntica amizade com Jesus pode dar a um jovem o que ele necessita para enfrentar bem a vida: serenidade e luz interior, capacidade para pensar de maneira positiva, grande ânimo para os demais, disponibilidade para pagar pessoalmente pelo bem, a justiça e a verdade", disse.

Também destacou um aspecto "muito importante": "para se converter em crente, o jovem nutre-se da fé da Igreja".

"Se nenhum homem é uma ilha, tanto menos o é o cristão, que descobre na Igreja a beleza da fé partilhada e testemunhada junto aos demais na fraternidade e no serviço da caridade", disse.

O bispo de Roma confessou que pede a Deus que "muitos jovens possam se encontrar na capital da Espanha para acolher em seus corações a Cristo, que nos chama a confiar n'Ele e a amar cada vez mais a Igreja".

terça-feira, 31 de agosto de 2010

SUL DO BRASIL - Arnaldo Jabor

Se todos nós amássemos o nosso País como os sulistas, o Brasil seria outro...
O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos.

Olham o escândalo na televisão e exclamam 'que horror'.

Sabem do roubo do político e falam 'que vergonha'.

Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam 'que absurdo'.

Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão e dizem 'que baixaria'.

Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram 'que medo'. E pronto!
Pois acho que precisamos de uma transição 'neste país'.
Do ressentimento passivo à participação ativa.

Pois recentemente estive em Porto Alegre, Caxias do Sul, Florianópolis, Joinville, Foz do Iguaçu e Curitiba, onde pude apreciar atitudes com as quais não estou acostumado, ainda mais um paulista/paulistano que sou.

Um regionalismo que simplesmente não existe na São Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém.
 
No Paraná, palestrando num evento da FAE, uma surpresa.

Abriram com o Hino Nacional.

Todos em pé, cantando.

Em seguida, o apresentador anunciou o Hino do Estado do Paraná.

Fiquei curioso. Como seria o hino?

Comentei com um senhor ao meu lado, e ele disse que em todas as partidas de futebol no estado, o hino estadual também é executado.

Começa a tocar e, para minha surpresa, quase todos cantam a letra:

"Entre os astros do Cruzeiro!
És o mais belo a fulgir,
Paraná serás luzeiro, Avante para o porvir!
A glória, Santuário..
Que o povo aspire e que idolatre-a...
E brilharás com brilho vário,
Estrela rútila da Pátria,
Pela vitória do mais forte,
Lutar, lutar, chegada é a hora!"

Na semana seguinte, em um belo evento que palestrei na Sindirádio em Porto Alegre, pós Hino Nacional Brasileiro, toca-se o Hino do Estado do Rio Grande do Sul:

"Como a aurora precursora
do farol da divindade,
foi o vinte de setembro
o precursor da liberdade"


Em seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão. Com garrafa de água quente e tudo. E oferece aos que estão em volta. Durante o evento, a cuia passa de mão em mão, até para mim eles oferecem.

E eu fico pasmo. Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado.

Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é 'comunidade'.

Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de São Paulo.

Aliás, você sabia que São Paulo tem hino? Que o Rio de Janeiro tem hino? Pois é...

Foi então que me deu um estalo.

Sabe como é que os 'ressentimentos passivos' se transformarão em participação ativa?

De onde virá o grito de 'basta' contra os escândalos, a corrupção e o deboche que tomaram conta do Brasil?

De São Paulo é que não será.

Esse grito exige consciência coletiva, algo que há muito não existe em São Paulo e Rio de Janeiro.

Os paulistas e cariocas perderam a capacidade de mobilização. Não têm mais interesse por sair às ruas contra a corrupção.

São Paulo é um grande campo de refugiados, sem personalidade, sem cultura própria, sem 'liga'.

Cada um por si e o todo que se dane.

E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes.

Penso que o grito - se vier - só poderá partir das comunidades que ainda têm essa 'liga'. A mesma que eu vi em Curitiba e Porto Alegre.

Algo me diz que mais uma vez os brasileiros apaixonados do sul é que levantarão a bandeira. Que buscarão em suas raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo, Rio, etc.

Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.

De minha parte, eu acrescentaria, ainda: '...Sirvam nossas façanhas, de modelo a toda terra...'

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Jornada Mundial da Juventude de Madri terá sabor único

Entrevista com bispo auxiliar de Madri e coordenador da logística
MADRI, segunda-feira, 30 de agosto de 2010 (ZENIT.org) - Dom César Franco, além de ser um dos três bispos auxiliares de Madri, tem a tarefa de ser o coordenador geral da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Um ano antes da celebração deste acontecimento, Dom César Franco destaca nesta entrevista quais serão as características próprias da realização da JMJ em Madri, em agosto de 2011.

ZENIT: Por que um jovem deveria participar da JMJ?

Dom César Franco: Há muitas razões para participar; eu diria a um jovem que, com sua presença, a Igreja é mais jovem e ele, mais Igreja. Incentivaria-o a participar, para que vivesse em plenitude o fato de ser católico, universal. Se é praticante, eu o convidaria a compartilhar sua fé e sua vida com os demais; se é medianamente praticante, para ficar mais fortalecido; se crê pouco, porque estou certo de que Cristo passará perto dele, amando-o e aumentando sua fé. E se não crê, para que abra as portas a Cristo, que não deixa de nos buscar.

ZENIT: Por que uma reunião de jovens?

Dom César Franco: Os jovens são muito importantes para a Igreja. Eles são o futuro em todas as instâncias da vida. Também o futuro da Igreja. A Igreja acredita nas possibilidades dos jovens, em sua capacidade de se doar e de amar a Cristo quando o encontram. Estas jornadas são, além disso, uma oportunidade para que os jovens do mundo se encontrem, orem, compartilhem sua fé e a celebrem profundamente. As jornadas são uma manifestação da juventude da Igreja, uma festa da fé em torno de Cristo ressuscitado.

ZENIT: Que impacto o senhor acha que vai haver na Igreja da Espanha?

Dom César Franco: Não sou profeta e não posso prever o impacto que acontecerá na Igreja da Espanha. Ainda assim, acredito que nossa Igreja será fortalecida e animada diante do testemunho dos jovens que, apesar das dificuldades ambientais, seguem Cristo, confiam nele e procuram ser fiéis.

Em todos os lugares onde foi realizada a Jornada Mundial da Juventude, a Igreja recuperou a confiança em si mesma, renasceram as vocações para o sacerdócio e a vida consagrada e desapareceu o mito de que os jovens não querem saber de Cristo nem de sua Igreja.

ZENIT: O que cada país oferece para a JMJ? E o que a Espanha vai oferecer?

Dom César Franco: Cada país oferece sua própria riqueza, sua história, sua tradição. Cada povo traz a fé de suas tradições, sua própria vivência.

Na Espanha, por exemplo, a Semana Santa é vivida não só na liturgia das catedrais, paróquias e igrejas, mas também na rua, com as procissões. Temos um bonito patrimônio artístico, os chamados "Passos", que queremos mostrar na grande Via Sacra que será presidida pelo Papa.

A Espanha é também um país de rica tradição eucarística e mariana. Na Vigília de jovens, será exposta a Eucaristia na custódia de Arfe, que a diocese de Toledo generosamente colocou à nossa disposição.

São exemplos para mostrar que a Espanha vai trazer seu próprio ser, o de uma nação rica e de fecunda tradição católica, desde a própria origem do cristianismo. Basta olhar aos santos padroeiros da JMJ para se dar conta do muito que contribuiu e contribui.

ZENIT: A JMJ supõe um grande esforço preparatório, tanto econômico como em recursos humanos; não seria melhor empregar estes esforços em outras tarefas, como na construção de templos ou no apoio ao trabalho vocacional ou proselitista da Igreja?

Dom César Franco: Na Igreja deve-se fazer de tudo. Em Madri, concretamente, não deixamos de construir templos nestes últimos anos e continuaremos fazendo sempre que for necessário.

Trabalhamos também na pastoral vocacional, na missão evangelizadora fora e dentro da nossa diocese. Impulsionamos o trabalho nos meios de comunicação social. E a tarefa que realizamos na Cáritas diocesana é imensa. E, como Madri, todas as demais dioceses.

Mas estes encontros são necessários para a própria missão evangelizadora da Igreja e por isso são feitos com a ajuda de todos. Deste fato nosso povo é consciente e ajuda com muita generosidade. Tudo o que a Igreja faz para desenvolver sua missão é importante.

ZENIT: Além do impacto espiritual nos assistentes, afeta também a sociedade em que é celebrada a JMJ? Como o senhor gostaria que fosse esse impacto?

Dom César Franco: Eu diria que as Jornadas da Juventude deixam nos lugares onde foram celebradas "o bom perfume de Cristo". É uma experiência comum que as pessoas, ainda as que não acreditam, fiquem impressionadas pela alegria dos jovens, por seu bom trabalho.

Os receios iniciais, ao se anunciar uma grande multidão de jovens, desaparecem rápido e dão lugar à simpatia generalizada. Naturalmente, são jovens com suas virtudes e defeitos, mas eles vêm como peregrinos em busca do que da sentido à vida do homem: Deus, Cristo e vida eterna. Isso sempre é impactante para aqueles que pensam que esta vida é a definitiva.

A peregrinação sempre vê além, não se detém na metafísica. Aponta para a meta eterna, que é a casa do Pai. Este é um impacto que eu gostaria que os jovens deixassem em Madri: a juventude que caminha até Deus, deixando o rastro do bom perfume de Cristo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Cultura de Pentecostes

A Cultura de Pentecostes
por Michelle Moran

Que a "Espiritualidade de Pentecostes" se propague pela Igreja para uma nova "Cultura de Pentecostes"
 Durante o Pontificado de João Paulo II (maio de 2004) e de Bento XVI (setembro 2005), tem havido um forte encorajamento para que a Igreja propague a Cultura de Pentecostes. Obviamente este é um conceito amplo, com várias dimensões, mas, sem dúvida, este chamado encontra eco na Renovação Carismática. Por ocasião do 40º aniversário da RCC, o Cardeal Rylko, Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, falou sobre a experiência do batismo no Espírito ou efusão do Espírito. Ele disse que esta experiência, que é central para a Renovação Carismática e que tem envolvido milhões de católicos em todos os continentes, poderia ser o ponto de partida para a Cultura de Pentecostes.

A Graça de Pentecostes é uma Graça Missionária 
É, portanto, importante que abracemos o nosso mandato. Não fomos chamados apenas a ser pessoas que experimentaram um "Pentecostes pessoal", que é obviamente muito importante, mas junto com essa experiência vem uma responsabilidade. Somos chamados a ser canais para as graças de Pentecostes na Igreja e no mundo. Quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos no Cenáculo, todos ficaram cheios do Espírito Santo. Eles experimentaram não apenas uma renovação pessoal, mas foram também capacitados com dons tais como a oração em línguas / glossolália e com coragem, o que lhes permitiu modificar poderosamente a cultura ao seu redor. Eles foram transformados e Pedro, que era um leigo sem instrução, foi capaz de convencer de tal forma as multidões que elas aceitaram sua mensagem e foram batizadas. Naquele primeiro dia, cerca de 3.000 novos convertidos foram acrescentados em número. Em todo o Livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas registra muitos casos em que os apóstolos agiram no poder do Espírito Santo e, consequentemente, a Igreja começou a crescer em número (por exemplo, Atos 2, 47; 4, 4; 5, 14; 6, 1; 7; 11, 21 e 24). Portanto, a graça de Pentecostes é essencialmente uma graça missionária. Embora reconhecendo que na Renovação Carismática não temos um monopólio do Espírito Santo, parece que temos uma vocação especial para sermos embaixadores do Espírito Santo e difundir a Cultura de Pentecostes. Isto foi enfatizado pelo Papa João Paulo II em 2002, quando ele disse:
"No nosso tempo, que é tão ávido de esperança, faça que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Ajude a trazer para a vida aquela "Cultura de Pentecostes", que só ela pode tornar fecunda a civilização do amor e da co-existência amigável entre os povos. Com insistência fervorosa, não vos canseis de invocar "Vinde Espírito Santo! Vinde! Vinde! "(Discurso aos delegados da Renovação no Espírito Santo).

Saindo da Espiritualidade de Pentecostes para a Cultura de Pentecostes
O desafio para a RCC não é manter a espiritualidade de Pentecostes limitada ao Grupo de Oração, ou mesmo  restringi-la apenas à Renovação Carismática. A evangelização deve ser uma prioridade para nós, como foi para os apóstolos, quando deixaram o Cenáculo. Já em 1992, o Papa Bento (então Cardeal Ratzinger) escreveu:
"Será que vamos descobrir o segredo do primeiro Pentecostes na Igreja? Será que vamos oferecer-nos humildemente ao poder renovador do Espírito Santo para que Ele possa nos libertar da nossa pobreza e da nossa total incapacidade de realizar a tarefa de anunciar Jesus Cristo aos nossos semelhantes?... O Cenáculo é o lugar onde os cristãos se deixam, ao acolher o Espírito Santo, ser transformados pela oração. Mas é também o lugar de onde saimos para levar o fogo de Pentecostes aos irmãos e irmãs "(Revista New Covenant).
Claramente, o Pentecostes é para o mundo. Trata-se de transformar a sociedade através do poder do Espírito Santo. A Cultura de Pentecostes cria uma sociedade que respeita a dignidade humana através do reconhecimento de que a humanidade é feita à imagem e semelhança de Deus.
É uma sociedade na qual a esperança reina de forma suprema e a luz brilha mais forte do que qualquer escuridão. É exatamente o oposto do relativismo cultural que permeia grande parte do nosso mundo. Em uma conferência em Lucca, Itália, em 2005, Salvatore Martinez definiu a Cultura de Pentecostes como "o antídoto para o mal obscuro do mundo". Em resposta, o Cardeal Rylko disse: "Temos que aprender o método do Espírito Santo que opera na história e renova a face da terra, para não sermos vencidos pelo mal".
Nós todos temos uma responsabilidade, como indivíduos e como Grupos, de discernir as formas pelas quais o Senhor nos chama a sermos os promotores da Cultura de Pentecostes. Uma maneira em que isso vai acontecer é intensificando a Espiritualidade de Pentecostes na Igreja. Talvez você possa fazer isso incentivando o maior número de pessoas a participar da Novena de Pentecostes, e, assim, juntarem-se ao testemunho mundial do Pentecostes das Nações. A partir deste local de intercessão, estaremos habilitados a estender a mão para o mundo, promovendo a Cultura de Pentecostes através do testemunho de nossas vidas e através das obras de misericórdia e justiça.

FONTE: http://www.rccbrasil.org.br/artigo.php?artigo=901

segunda-feira, 12 de julho de 2010

JMJ 2011 MADRID - 1ª Catequese

JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
 
Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé.
 
Catequese 1: Deus fez-nos capazes de viver com Ele

Uma pergunta, uma intuição abre um caminho

SÍNTESE DA CATEQUESE:

1. "Pensar no infinito": a abertura ao infinito está inscrita na experiência que o homem faz da vida. A vida e a realidade "abrem" permanentemente o horizonte do homem.
2. A vida é este desejo do infinito (chamamos-lhe "pergunta religiosa"): por isso a Tradição da Igreja fala do homem - de todo o homem - como capax Dei.
3. O desejo do infinito, que constitui o coração do homem, coloca-o a caminho. As religiões e a inevitável tentação da idolatria dizem com claridade que é inevitável buscar uma resposta à pergunta religiosa.
4. O desejo do infinito, quando amadurece, converte-se em súplica ao mesmo infinito para que se manifeste: não somos capazes de satisfazer a nossa sede por nós mesmos, por isso suplicamo-lo
5. Neste caminho de desejo e súplica, o cristão é companheiro de todos os homens.

TEXTO:
 
1 "Pensar no infinito"

«Nunca encontrastes na vossa vida uma mulher que vos tenha enfeitiçado durante um momento e que depois tenha desaparecido? Estas mulheres são como estrelas que passam rápidas nas noites sossegadas de verão. Já encontrastes, alguma vez, na praia, numa estação, numa loja, num comboio, uma dessas mulheres cuja vista é como uma revelação, como um florescimento repentino e potente que surge desde o fundo da vossa alma (.) E será somente um minuto; essa mulher desaparecerá, cairá na vossa alma como um ténue rasgo de luz e bondade; sentireis uma indefinível angústia quando a virdes afastar-se para sempre (.) Eu senti muitas vezes estas tristezas indefiníveis; era jovem, nos verões, ia frequentemente à capital da província e me sentava na praia. Eu via, então, algumas dessas mulheres misteriosas que, como o mar azul que se alargava à minha vista, me fazia pensar no Infinito»
O género literário de Azorín expressa muito eficazmente uma experiência elementar que todo o homem vive. Há circunstâncias que abrem de par em par o coração. Abrem-no no sentido de que fazem presente o seu verdadeiro horizonte, a sua "capacidade do infinito". Há circunstâncias que nos permitem descobrir quem somos, que rompem todas as imagens reduzidas do nosso ser homens, que nos dizem que nada nos basta. São circunstâncias ou experiências que descrevem a verdadeira natureza e estatura da vida, do nosso ser homens. São circunstâncias que, antes de tudo, não dizem "o que nos falta", mas tornam presente a intuição do eterno para o qual somos feitos. Uma pessoa "pensa no infinito" porque a realidade que tem diante de si se abre de par em par, lhe diz que há algo mais e que deve durar para sempre.
Sem dúvida, amar é uma destas experiências. Todo o homem vive a experiência do amor, na sua família, com os seus amigos, encontrando a mulher com que compartirá a sua vida, na virgindade. No rosto da mulher que começamos a amar - o enamoramento é o início de um caminho! - se concentra o nosso desejo de infinito, a intuição de que estamos feitos para o eterno. E também a tristeza ou a angústia que podemos sentir perante a ideia de perder a pessoa que amamos é sinal desta abertura ao infinito.
É uma abertura que pode ser descrita como desejo e como nostalgia, e que nasce das experiências mais verdadeiras da nossa vida: no amor, mas também na percepção da beleza, na paixão pela própria liberdade, na revolta ante a injustiça, no mistério do sofrimento e da dor, na humilhação do mal que alguém faz, na busca apaixonada da verdade, no gozo do bem.
Na experiência que faz da sua própria vida, o homem percebe a presença do infinito. Esse mesmo infinito que se anuncia no mundo. Na imensidade e na beleza esmagadora da criação: desde as montanhas e oceanos até à cadeia genética do ADN! «O mundo e o homem atestam que não têm neles mesmos nem o seu primeiro princípio nem o seu fim último, mas participam d' Aquele que é o Ser em si, sem origem e sem fim».
 
2. A vida é este desejo

Todos os homens, independentemente da idade, raça ou cultura, experimentam este desejo/intuição do infinito que coincide com a verdade mais "evidente" da vida. Não podemos negá-lo, somos este desejo, o nosso ser mais autêntico é "pensar no infinito"
Este desejo coincide com a vida. Não é algo que surge no coração na primavera ou quando se encontra particularmente melancólico! É simplesmente "a vida".
Por isto, desejar o infinito é desejar a plenitude da vida: não de uma dimensão da vida mas sim da vida com todas as suas letras. Porque este desejo é o fio conduto que dá unidade a cada instante, a cada situação, a cada circunstância da nossa vida. É a cadeia que permite intuir a unidade que existe entre o amor dos teus pais e o teu desejo de construir, entre a raiva perante a injustiça e a compaixão perante a dor, entre o amar e o ser amado e a chamada a ser fecundo. Sem a unidade que engendra este desejo que atravessa cada célula do teu ser, a vida seria uma simples manta de retalhos de feitos e sucessos, uma acumulação de experiências, de tentativas e erros, incapazes de edificar a tua pessoa.
Na linguagem comum, a esta busca do infinito chama-se "pergunta religiosa". Quando se fala de "religião" fala-se precisamente disto: da busca do infinito por parte de todos os homens.
Todo o homem, pelo mero facto de viver, percebe em si este desejo, esta pergunta religiosa - seja ou não seja capaz de expressá-lo - porque a pergunta religiosa é a pergunta sobre a vida e o seu significado. Por isto, todo o homem, independentemente da resposta que dê a esta pergunta, é "religioso". Não pode deixar de sê-lo, não pode arrancar-se do coração o "pensamento do infinito".
A tradição cristã descreveu esta realidade falando do homem como capax Dei: o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, é capaz de Deus, deseja-o e pode encontrá-lo. «A santa Igreja, nossa mãe, mantém e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza mediante a luz natural da razão humana a partir das coisas criadas (Vaticano I: DS 3004; cf. 3026; Vaticano II, DV 6). Sem esta capacidade, o homem não poderia acolher a revelação de Deus. O homem tem esta capacidade porque foi criado "à imagem de Deus" (cf. Gn 1,26)»
O salmista expressou-o com grande beleza usando a imagem da sede: "Ó Deus, Tu és o meu Deus! Anseio por ti! A minha alma tem sede de ti; todo o meu ser anseia por ti,
como terra árida, exausta e sem água." (Sl 62)
 
3. O caminho

Uma pergunta, uma intuição abre um caminho. O homem, que pensa no infinito, põe-se em marcha. A intuição do infinito é o motor da vida, a razão pela qual o homem ama e trabalha.
Começa para o homem a apaixonante aventura de buscar o infinito, de conhecer o seu rosto. Trata-se de uma aventura na qual estamos todos implicados. Não é algo reservado a temperamentos particularmente "religiosos".
É possível reconhecer o caminho do homem na busca do rosto do infinito em dois factos que estão ao alcance de todos.
O primeiro é a constatação da existência das religiões. Hoje, mais do que no passado, somos testemunhas da pluralidade de experiências religiosas que os homens vivem. Quando tudo parecia anunciar uma sociedade sem Deus, movimentos e seitas religiosas, de índole muito variada, invadiram o Ocidente e começam a compartir o cenário social junto às religiões estabelecidas. São expressões concretas, históricas da busca do infinito e, neste sentido, ajudam a razão e a liberdade do homem a não se fecharem no seu horizonte próprio, a não se reduzir ao espaço opressivo do finito. Assim ensina o Concílio Vaticano II: Os homens esperam das diversas religiões resposta para os enigmas da condição humana, os quais, hoje como ontem, profundamente preocupam seus corações: que é o homem? Qual o sentido e finalidade da vida? Que é o pecado? Donde provém o sofrimento, e para que serve? Qual o caminho para alcançar a felicidade verdadeira? Que é a morte, o juízo e a retribuição depois da morte? Finalmente, que mistério último e inefável envolve a nossa existência, do qual vimos e para onde vamos?
Conviver com pessoas de outras religiões é a ocasião para reconhecer a identidade do desejo e das perguntas que constituem o seu coração e também o nosso. O que poderia parecer à primeira vista como uma dificuldade, pois a multiplicidade de respostas pode gerar confusão, também é uma ocasião privilegiada para reconhecer a unidade entre todos os homens. As respostas que se oferecem são muitas, é verdade, mas a pergunta é só uma.
Em segundo lugar, podemos reconhecer a nossa busca do infinito numa experiência que todos fizemos: a identificação do infinito com algo concreto. Pode ser a namorada, a carreira profissional, o êxito económico, a paixão pelo poder. Quantas vezes identificámos o infinito que intuímos com algo particular! Qual foi o resultado? A desilusão. Na nossa busca do infinito chegámos a uma momento no qual nos detivemos e acreditámos poder identificá-lo com algo à nossa medida.
Chama-se "idolatria" e é uma tentação que vive cada homem na primeira pessoa. Em vez de reconhecer que a mulher suscitou em nós o pensamento do infinito, é sinal do infinito, esperamos dela que cumpra com plenitude o desejo que suscitou. Quando o sinal deixa de ser reconhecido como tal e se confunde com a plenitude a que remete, então se converte num ídolo. Mas os ídolos, sabemos por experiência, defraudam-nos.
O salmista identificou com grande precisão a tragédia da idolatria. É a tragédia de uma promessa incumprida. Parece que podem responder e, contudo, são incapazes de todo: «Os ídolos dos pagãos são ouro e prata, obra das mãos dos homens: têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem, e nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam, e pés, mas não andam, nem da sua garganta emitem qualquer som. Sejam como eles os que os fabricam e todos os que neles confiam.» (Sl 113)
«Obra das mãos dos homens»: com poucas palavras o salmista identifica a raiz da incapacidade dos ídolos para responder ao nosso desejo do infinito. Um ídolo é fruto das minhas mãos; tem, por assim dizer, as minhas mesmas dimensões: é finito. Por isto não poderá nunca responder adequadamente ao desejo que constitui a minha vida.
A multiplicidade de respostas - as religiões - à única questão e a incapacidade dos ídolos, na hora de cumprir o desejo do infinito, põem manifestamente, de maneira todavia mais urgente, a "exigência" de uma resposta definitiva. Um homem que viva seriamente a sua própria vida, que não censure a intuição do infinito que descreve quem é, não se pode dar por vencido.
 
4. Ao nosso encontro
 
Se dar-se por vencido é abandonar a aventura da vida, o que fazer? Como pode o homem perseverar no caminho do desejo? Como pode não se deter em respostas insuficientes?
Não é possível pensar que a imagem da nossa vida seja o mito de Sísifo, condenado a começar sempre de novo a tarefa sem encontrar jamais cumprimento nem descanso.
A vida é este desejo e, contudo, todas as nossas tentativas para satisfazê-lo parecem vãs. As nossas tentativas, não a possibilidade do cumprimento.
De facto, o nosso desejo seria vão, seria absurdo, se estivesse destinado a ficar eternamente insatisfeito. Mas isto não quer dizer que sejamos nós a satisfazê-lo. Somos "capazes" de ser satisfeitos, não de nos satisfazermos a nós próprios.
A sede que seca a garganta do homem diz que este é capaz de beber, mão que ele mesmo seja a fonte fresca e cristalina que pode sacia-lo. Assim, o homem é capaz do infinito, capax Dei, porque pode acolhê-lo se este sai ao seu encontro e não porque se possa construir por si mesmo o infinito que anseia.
Quando o homem se reconhece capax Dei, o seu desejo, a sua nostalgia, o seu anseio, são abraçados pela sua liberdade e convertem-se em súplica. E nesta súplica, o homem adquire a sua verdadeira estatura. «Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus» (Mt 5,3)
A pobreza de espírito que bendiz Jesus nas bem-aventuranças, e cuja expressão mais eloquente é a prece, a súplica, constitui a plenitude da experiência humana. É o momento no qual o coração do homem diz ao Infinito que intuiu: "vem, manifesta-te!". Cada fibra do ser do homem espera e deseja, pede e suplica que o infinito saia ao seu encontro. Quer conhecer o seu rosto e pede-lhe: «buscarei o teu rosto, Senhor, não me escondas o teu rosto» (Sl 26)
E Deus não deixou sem resposta a súplica do homem: «Mediante a razão natural, o homem pode conhecer a Deus com certeza a partir das suas obras. Mas existe outra ordem de conhecimento que o homem não pode de nenhum modo alcançar pelas suas próprias forças, a da Revelação divina (cf. Vaticano I: DS 3015). Por uma decisão inteiramente livre, Deus revela-se e dá-se ao homem. Fá-lo revelando o seu mistério, o seu desígnio benevolente que estabeleceu desde a eternidade em Cristo, em favor de todos os homens. Revela plenamente o seu desígnio enviando o seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e ao Espírito Santo».
As orações dos salmos, os textos da Eucaristia, o tempo do Advento, toda a liturgia da Igreja são uma educação permanente a viver de maneira consciente e cada dia mais disponível esta súplica ao Senhor.
Pela manhã, no início do dia, na oração de laudes, as primeiras palavras que a Igreja nos faz recitar são: «Deus vinde em nosso auxílio. Senhor socorrei-nos e salvai-nos». Deste modo, educa-nos e nos ajuda a compreender que o desejo está chamado a converter-se em súplica.
 
5. Companheiros de caminho de todos os homens
 
Nesta súplica todos os homens se percebem companheiros de caminho.
Reconhecer o desejo do infinito que constitui o coração de cada homem permite-nos dar-nos conta da unidade que existe entre nós.
As expressões deste desejo podem ser muito diferentes. Algumas delas podem resultar duras, ofensivas e violentas. E, ainda assim, são expressões da mesma busca que vive no nosso coração.
Quem se reconhece em busca sabe que está próximo de todo o homem: nada nem ninguém lhe é estranho. Para a Igreja não há "distantes: porque todos os homens vivem, perguntam-se e desejam. Todos buscam.
Por isso, o cristão não teme falar da sua busca com todos. Inclusive com aqueles que se riem dele, que o chamam sonhador ou visionário.
Uma simpatia imensa por todo o homem o acompanha quotidianamente. A arte, a literatura, a música, tudo o que expressa o génio do homem é, para quem busca, ocasião de reconhecer de novo o desejo que o constitui.
Se alguém tenta discutir este assunto com os seus colegas de turma, dar-se-á conta que é verdade.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Palestra, até sempre

por Mauro Beting em 07.jul.2010 às 23:03h

Meu filho mais velho está fora do país. Sofreu com a derrota brasileira para a Holanda, ainda mais pela saudade da casa onde não viveu tão longe em 11 anos de vida. Mas sofre ainda mais por não estar no último jogo do Palestra Itália, nesta sexta-feira, amistoso contra o Boca Juniors. Time que lá mesmo, em 1994, sofreu a maior goleada de sua história internacional: 6 a 1 Palmeiras das vacas gordas da Parmalat. Fora o alfajor nos argentinos, teve tarantela, e, de lambuja, a convocação de Mazinho para ser campeão do mundo pelo Brasil, três meses depois.

Aqui da África do Sul, tento dar um jeito de levar o filho menor ao último amistoso. Não sei se vai dar. A mãe e o avô trabalham, tios também… O consolo é lembrar que nós três já estivemos na despedida valendo campeonato, antes da Copa, nos 4 a 2 contra o Grêmio, o último jogo oficial antes da reforma. Quando nós três pudemos assistir à vitória verde. A última que vimos juntos na casa que une a minha família, a famiglia verde, e tantos em cada canto do lugar onde mais cantei na vida. Onde tanta gente que não se entende canta e vibra. Boa gente que só se entende como gente quando é Palmeiras.

No final daquela sábado, pude ver tantos amigos ao final do jogo. Revi vários verdes de fé. E enxerguei até quem não mais podia estar lá. Como eu não poderei nesta sexta, trabalhando na final da Copa, em Johanesburgo. Como meu mais velho não poderá, estando longe do Brasil. Como o menor possivelmente não conseguirá ir. Como tantos também também não irão se despedir. Como muitos estarão de coração dando tchau ao lar que sequer conheceram. Embora saibam mais dele que das próprias casas.

Caríssimo Palestra, perdão por não comparecer à festa de despedida. Ainda mais com tanta gente que honrou o nosso lar e nosso manto por lá passando só para lembrar o que não se pode esquecer. Fico de tão longe com a imagem dos meus filhos tão pertos no final daqueles 4 a 2 contra o Grêmio. Com o orgulho do peito juvenil dos meninos inflado à frente dos bustos de Ademir, Fiume e Junqueira. Com a sensação de que ali, naquele momento de foto para a eternidade, toda a saudade do que eu não vi de Palestra e Palmeiras não mais existia. Porque ali, naquele sábado, meus meninos não eram apenas todo o amor da minha vida. Eram todo o amor da nossa vida – Palmeiras.

Permita-me, amigo de credo, republicar o texto que escrevi horas antes daquele último jogo oficial, contra o Grêmio. Longas linhas que tentavam reproduzir a paixão que tentei sintetizar num painel que estará afixado nas entradas da festa do Palestra, na sexta-feira. Um texto mais curto, que depois publicarei aqui. Quando tiver coragem e coração de assumir que ficarei mais perdido e desterrado do que já estou na África. Mais sem lar e com saudade de meus amores do que já estou há mais de um mês na Copa.

O bom é que sei que poderei voltar ao Brasil, a São Paulo, e ao meu lar. Onde moro com a minha família. Enquanto espero ficar prontA minha velha-nova casa. A nossa.

A pedidos, vou ao texto do último dia de Palmeiras no Palestra:

Quanda a luz se apagar no Palestra Itália, só será acesa em um longo tempo. Num novo templo. Serão muitos meses até que os filhos da Academia possam se sentir novamente em casa. Num lar novo em folha. Lugar para esquecer as velhas falhas e os novos problemas. Um santuário para lembrar os tantos dias de nossas vidas vividas em nosso altar. Em nosso palco. Em nosso campo. Em nossa casa.

Nossa! Mas de cada um. Todos temos um cantinho no Palestra. Onde cantamos e vibramos. Onde cornetamos e divergimos. Onde o Palestra virou Palmeiras. Onde não somos mais, nem menos. Apenas palmeirenses, sempre palestrinos. Isso basta. Dispensamos apresentações. Não precisamos de explicações. Apenas somos tudo isso que tem uma casa. Que fecha para reformas. Que deve voltar como cada um de nós, e por todos nós: cada vez maior, cada vez melhor. Cada vez mais Palmeiras. Sempre Palestra.

Primeira vez

O meu primeiro canto foi na numerada. Três de agosto de 1974. Luís Américo fez o primeiro gol que vi na rede esticada do gol do placar. 1 a 0 Saad. Leivinha empatou, Dudu virou, mas um tal Fernandinho empatou. Uma zebra. Até então, só vira o Palmeiras bicampeão brasileiro em 1972-73 sair de campo satisfeito. Só assistira a jogos-shows no Pacaembu e no Morumbi. Estreava sem vitória no Palestra. No jogo inaugural do SP-74. O que acabaria não mudando muita coisa. Em dezembro, o mais importante Ronaldo da história do Dérbi paulistano faria o gol que deixaria o rival mais um ano na fila, no Morumbi.

Naquele fim de tarde de sábado de Sol paulistano, saí chateado com o empate contra o Saad. O goleiro deles se chamava Fininho. Fechara o gol. Eu, o bico, debaixo dos meus sete anos. Só fui achar legal a noite quando minha avó Albertina, que morava do lado do Palestra, me confortou na pizza da noite. Ela foi uma das que me ensinaram que não se deve vaiar "os meninos". Que devemos ter a mesma fé que ela tinha ao acender velas em dias de jogos do time do coração da família de pai e de mãe. Dos "palmeiristas".

Dos palestrinos que, desde aquele agosto de 1974, começaram a dividir a vida entre idas e vindas ao Palestra, ao Pacaembu, ao Morumbi. Onde fosse, onde jogasse o Palmeiras. Naquela primeira visita, meu tio Leo, pai do Erich que ainda nem havia nascido, foi minha primeira companhia, ao lado do irmão Joelmir, e do meu irmão Gianfranco. Se a escalação do Palmeiras não mudava daquela rima que era seleção – LeãoEuricoLuísPereiraAlfredoeZecaDudueAdemirdaGuiaEduLeivinhaCésareNei, todos juntos, para sempre – o meu time de companheiros mudava sempre. Saía o tio Leo, vinha o Tio Flávio. O Tio Jura. Os primos Paulo Calabar, Alessandro, Danilo. Depois o Erich. Quando dava, o Ulisses. Mais difícil era ir ao jogo com os primos do interior, o Vlamir e o Cléber.

Eternos

Não era nada complicado torcer por aquele time. Até quando ele já não era o mesmo. Como naquele 18 de janeiro de 1976: Dudu saiu machucado, num empate com a Portuguesa. E só voltou ao time como treinador. Estreando num novo empate com o Guarani, em 9 de maio. Quando lançou o jovem Pires em seu lugar. E mais o Verdão não perdeu até vencer antecipadamente o Paulistão. 1 a 0 no XV de Piracicaba. No 18 de agosto de 1976, mais de 40 mil vibraram com Jorge Mendonça, marcando o gol do título. Campeonato que a família celebrou em casa. Meu pai não conseguiu sair a tempo do trabalho. Viu parte do jogo, abriu um vinho, e fomos dormir. Ano sim, ano não, a festa parecia garantida. Era assim o Palmeiras.

Não foi mais assim. Em 10 de agosto de 1977, pelo Paulistão, o Palmeiras só empatou com o Comercial de Ribeirão. 1 a 1. Foi o último jogo no estádio da estátua Ademir da Guia, que em 40 dias encerraria a carreira, parada por problemas respiratórios. Cabeça e coração das Academias palmeirenses penduravam as chuteiras. Não mais o Palmeiras seria Palmeiras até 12 de junho de 1993. Quando tudo se justificou saindo da fila contra quem o clube havia deixado mais um ano de jejum, em dezembro de 1974. Todas as dores compensavam.

Esquecíveis

Todas aquelas partidas para esquecer. Começando ainda em 1980, quando o Palmeiras teve de purgar pecados na Taça de Prata de 1981. A última vitória na nostra casa foi em 16 de agosto de 1980. Quase quatro anos do último título, e contra o mesmo XV de Piracicaba. Mais quatro jogos até o fim de ano sem vitória. Sem orgulho. Sem Palmeiras.

Honra resgatada com o acesso prematuro à turma de cima ainda em 1981, na Taça de Prata. Um show de Sena num 2 a 0 contra o Guarani parecia um novo Vecchio Palestra. Mas era só fumaça negra. Mais uma Taça de Prata em 1982, desta vez com eliminação na primeira fase. Goleadas para os rivais no SP-82. Um novo e rico time para 1983. Mas os mesmos problemas. Com novos amigos nas arquibancadas. Braga, Aloízio, Paulo Sapo, Salvador, Cecchi, seu Angiolo, Mauro Pizza, Lolô, Jorjão, Chang, Jambo, Dado, André, Marcelo, Juninho. Sofrendo juntos e esmagados com uma bola de Mendonça, da Lusa, no travessão, no SP-83, no fim do jogo. Sorrindo juntos com um pôr-do-sol maravilhoso de agosto na arquibancada de uma quinta-feira, num 5 a 1 no Taquaritinga. Quando lembro ter pensado numa namorada que não tinha. Mas que já pensava numa tarde como aquela com os filhos que eu queria ter. Motivo de sorrir sem saber o porquê na volta do ônibus na noite parada de São Paulo.

Em 1985, já tinha carro – verde. Já não tinha mais namorada. E parecia ter perdido o chão, debaixo do placar, só de pensar o que ainda estava escrito nele: 3 a 2 XV de Jaú, num domingo de novembro. Bastava ter vencido para se classificar para a semifinal. Perdemos. E fiquei ali perdido, com o ingresso inteiro na mão. A torcida invadira o Palestra pela derrota de um rival, pela manhã. E eu ali com o queixo entre as mãos, olhando para o gol da piscina. Um tempão. O mesmo que o goleiro reserva Martorelli usou para ficar sentado, no banco de reservas, olhando desconsolado para o mesmo infinito.

Como é que a gente conseguia perder assim? A gente que só sabia vencer só parecia perder e se perder no Palestra. Eu parecia aquele menino mimado que quer fugir de casa – e pede pro pai atravessar a rua e pagar as contas. Eu dizia que não voltaria àquela casa zicada. Achava que a culpa também era do estádio. Lá eu não mais voltaria. Promessa jamais cumprida. Porque isso não é coisa que se prometa.

Promessas

E lá estava eu de novo, em 1986, com o Cecchini, Zuccari, Altit, Rosa, Melura, Mancusi, Zerbini, Izzo, Paulinho Iudicibus, Fredão, Cafarnaum, Raduan, Sangiuliano. 1987… 1988… Mais ainda em 1989, com um belo time, com Leão no banco, e a melhor campanha na primeira fase do Paulistão. Na segunda também. Taça dos Invictos. E a eliminação por uma única derrota, em Bragança. E lá vamos nós para 1990. Sempre no Palestra. Agora com Denise, Raquel. E os amigos de verde e de credo de sempre. Sempre saindo do estádio e do estado normal pelas derrotas doidas e doídas. Pelas madrugadas choradas com os amores. Ou com sonhos de amores e vitórias que pareciam impossíveis.

Naquele 12 de maio de 1990, empate sem gols com o Bragantino de Luxemburgo, uma vaga na Copa do Brasil perdida, um treinador demitido. Meu último jogo no estádio como torcedor. Em um mês começaria meio sem querer no Jornalismo agora esportivo. Para sempre futebolístico. Nas páginas esportivas fiquei. Permaneço. Sempre como um palmeirense que está jornalista. Que um dia já foi estudante. Que pretende ser um palmeirense aposentado do Jornalismo. Jamais da paixão de ir ao Palestra como fui, de 1974 a 1990. Só como torcedor.

Porque, então, veio o dever de tentar ser imparcial, isento e objetivo. De torcer sempre, mas jamais distorcer pelo Palmeiras. O que, muitas vezes, levou a muitas atitudes e ações distorcidas. Por mim e por outros. Faz parte. Como sempre fez o nosso Palestra.

Novas cores

De qualquer jeito. Com qualquer camisa. A verde listada da Parmalat estreou em 26 de abril de 1992. 1 a 0 no Cruzeiro. Gol de Paulo Sérgio. Eu já estava na Rádio e TV Gazeta. Comentando. Logo, cornetando um time que demitiu o treinador depois de um empate sem gols e sem futebol contra o Noroeste, em 19 de agosto. 16 anos e um dia do título de 1976. Uma noite trágica que quase acabou ainda pior, com torcedores querendo bater em colegas na cabine ao lado da minha. Quase apanhei junto. Só escapei por ser palmeirense como os agressores. Embora metade da turba achasse que não. Mais ou menos como a proporção da torcida, hoje.
Não cheguei a repensar o ofício. Nem o amor. Palmeiras não se pensa. Não se escolhe o Palmeiras. Ele nos acolhe. Ele sabia que ainda viria 1993. O Paulista. O Rio-São Paulo. O Brasileirão. Faltava uma festa no Palestra. No SP-94, foram quatro: a virada sobre o São Paulo no dia em que morreu Senna. O 1 a 0 sobre o Ituano no domingo seguinte, com a primeira volta olímpica no estádio. A segunda – a oficial – foi em Santo André; a definitiva, com a faixa no peito, foi no Dérbi, no Pacaembu.

Isso sem falar na maior derrota internacional do Boca Juniors, em 9 de março. 6 a 1 Palmeiras. O jogo que o filhinho de Evair hoje vê em DVD e pergunta ao Matador se "é tudo verdade". Parece mentira. Parecia Palmeiras no Palestra.

Como foi em 3 de agosto de 1995. 5 a 1 no Grêmio. Faltou um gol para eliminar o Tricolor de Felipão. Mas não faltaram aplausos para aquela epopeia. Nesse dia, senti falta de estar ali na arquibancada, junto com os novos amigos Strifezzi, Fagundes, Di Lallo, Klein, Cassiano, Solarino, Bob, Bom Angelo. Gritando como urrei quase sozinho naquela noite perdida em 1986 para a Inter de Limeira. Berrando como deixei o estádio naquele 11 de setembro de 1994. 1 a 0 no Inter. Meu último jogo de solteiro. Comentei pela rádio. Mas, quando deixei o estádio, dei aquela última olhada para a arquibancada escura. Tentando me encontrar onde algumas vezes quase me perdi de alegria e tristeza. Pensando na nova e maravilhosa vida que teria e tenho com Helen. Minha pequena palmeirense que não gosta de futebol. Mas que gosta do Palmeiras. Um caso de amor. Um amor de casa.

Único

Do tamanho do futebol daquele trem-bola palmeirense de 1996. A maior campanha do profissionalismo. O time que chegou aos 100 gols no Palestra, num domingo gelado de junho, ganhando o returno e o título antecipado. 2 a 0 no Santos. 102 gols. Acabou a transmissão que fiz no Sportv, fui ao banheiro, arranquei o uniforme da TV, deixei apenas o do Palmeiras na noite fria. Enfiei um gorro que só deixava os olhos para fora e saí celebrando pelo clube e pelas ruas. Até na TV apareci. Na concorrente. Vibrando como um encapuzado torcedor comum. Celebrando como faria na final da Mercosul de 1998, depois do Natal. 1 a 0 no Cruzeiro. Fogos na Turiaçu fechada. Eu e os amigos no Bar do Elias pela madrugada. Chegando cedo em casa apenas para deixar sobre o berço do Luca, então com três meses, a faixa que ele até hoje guarda. A de campeão da Mercosul.

Foi o primeiro título dele. O segundo viria num chute para fora de Zapata. Quando Oberdan Cattani conversava com as estátuas de Waldemar Fiume e Junqueira, nas alamedas do clube. Quando Evair orava no vestiário. Quando eu levantava na tribuna de imprensa e batia palmas. Quando um querido colega ouvia nas escadas o estádio celebrar a vitória nos pênaltis contra o Deportivo Cali. Quando Marcos ergueu o chavão do jipão como craque da Libertadores. Quando o Campeão do Século XX fechava um ciclo no Jardim Suspenso pela emoção, no verso de Moacyr Franco. No "Amor é Verde" na Água Branca.

Amor que explica a virada de 4 a 2 no Flamengo, em 21 de maio de 1999. Quando Felipão treinou o time, a torcida, a imprensa e a História. Os gols do Filho do Vento fizeram do Palestra um vulcão verde. Um dos maiores jogos da história. Uma virada como a que seria sofrida em 2000, na final da Mercosul. Uma dor como a goleada para o Vitória, em 2003. Um nó na garganta como a Segundona dos infernos, no mesmo ano.

Filhos

Mas onde há verde há vida. No 7 de outubro de 2003, 3 a 2 no Brasiliense, meu Luca estreou no Palestra, no colo da mãe, ao lado do avô, do baixo de seus cinco anos. A torcida uniformizada fez um espetáculo inesquecível de cores, luzes e Palmeiras. Meu filho vibrou com os três primeiros gols. Chateou-se com o primeiro candango. Mas nem sofreu com a iminência do empate. Estava brincando com o celular do pai quando saiu o segundo gol do Brasiliense. Nada percebeu pelo silêncio do estádio. Só foi se tocar quando leu no placar tantas vezes amaldiçoado que estava 3 a 2, não 3 a 1 como imaginava.

Para ele foi só 3 a 1. Para mim, a goleada da vida. Só comparável aos 3 a 0 sobre Paraná, em 20 de outubro de 2007, quando o caçula Gabriel estreou nos estádios. Ou aos 5 a 0 da final do SP-08, quando o Lance! e meu colega Portella propiciaram a chance de colocar meu primogênito na cabine abaixo da Rádio Bandeirantes. A cada um dos cinco gols, bastava me levantar da cadeira, olhar para baixo, e ver meu Luca com aqueles olhos mais lindos do mundo ser, naquele instante, o segundo menino mais feliz do planeta, sorrindo para o pai.

O velho pai estava mais feliz e infantil que o filho.

Ainda é mais bobo que todos em casa.

Porque sabe que muitos pais palestrinos devem ter se sentido como eu, em 2008, naquela tarde de sábado de 21 de abril de 1917. Quando o Palestra Itália fez seu primeiro jogo no campo do Parque Antártica. 5 a 1 no Internacional paulistano. Palestrinos que devem ter se orgulhado quando, em 1920, a escritura do terreno enfim virou patrimônio do clube. Quando o Stadium Palestra Itália foi inaugurado, em 13 de agosto de 1933. Goleando o Bangu por 6 a 0. Um time que tinha dois Da Guia na equipe. Tios de um certíssimo Ademir, maior craque do gramado no nível do solo, do jardim suspenso inaugurado em 7 de setembro de 1964.
Sagrado solo que viu um Dérbi terminar em 8 a 0, em 5 de novembro de 1933. Sagrada Academia de craques, alguns bagres. De vitórias para guardar nos olhos, de derrotas para se perder no cimento corroído pelo uso. Por alguns abusos. Por alguns desusos.

Nossa casa

Daria a alma palmeirense para ver tantos jogos que não pude ver na nossa casa que merece reparos, como tantas coisas que temos feito e/ou desfeito. Você deve ter outros tantos para contar aos filhos. Outros que nem queremos lembrar para o travesseiro.

Mas, neste último jogo do velho Palestra, quando estivermos na cama, vamos lembrar porque fomos a cada jogo. Até naqueles que não pudemos ir. Não quisemos. Ou o Palmeiras não quis jogar.

Acontece. Não conheço casa perfeita. Todas trincam. Caem pedaços. Dão trabalho. Precisam de reformas na base. Nem sempre uma pintadinha dá jeito. Até porque sempre vai ter alguém para achar defeito. É assim nossa casa. É assim o lar de qualquer um.

Mas, hoje, quando vamos fechar os portões por longos meses, é hora de abraçar cada pedaço que vai cair ou sair do lugar. É tempo de lembrar os degraus da escada que dão para a arquibancada, para o gramado que cheira de tão perto. Mesmo tão elevado. Tão suspenso. Tanto suspense. Se não pudermos lotar hoje o estádio para dizer até logo, guardemos o coração para a festa da volta. Prometamos aos filhos que, em breve, estaremos de volta. Mesmo que tenhamos prometido a nós mesmos não voltarmos quando as coisas não vão nada bem, como agora. É hora de chamar o Bonfá, o Simoninha, o Kleine, o Iamin, o Narda, o Patricius, o Fred, Luciano, Juan, Rogério, Hélder, Finelli, Canuto, Bianchi, Fabian, Conrado, Barneschi, Fábio, tanta gente que não cabe aqui. Ah, claro, e o Bindi, que vai supervisionar lá do céu a obra.

Até logo

Quando as luzes dos refletores se apagarem, quando as redes forem tiradas das traves, quando os escudos do Palestra Itália e do Palmeiras atrás das metas mal puderem ser vistos, é hora de cada palmeirense levar seu tijolo para casa. Um imenso pedaço de nossas vidas não será demolido – apenas reformado.

É o progresso. Necessário avanço. Mas um clube que teve de mudar de nome, mas não de ideais, sabe como levar de vencida. Sabe como se virar fora de casa. Sabe como plantar sementes e criar Palmeiras. Sabe que o nosso berço está lá esperando para embalar novamente os nossos e novos sonhos.

Aproveitemos as obras para reformar não apenas o nosso campo. Também os nossos pensamentos.

No fundo, podemos perder a casa. Não o nosso lar.
Este é o berço da Academia do país do futebol. O palco do Campeão do Século. O altar da comunhão palmeirense.

O Palestra Itália. O Palmeiras dos filhos desta pátria mãe gentil, dos netos da Mamma Itália. Mas tanto amor não tem cabimento. Por isso o Palestra precisa ser maior. Moderno como o gramado elevado de 1964. Eterno como o estádio que é nosso há 90 anos. E continuará sendo de cada um quando reabrir os portões para a História.

Quando voltar, nossa casa será como o nosso amor. Ainda maior. Ainda melhor. Ainda mais Palestra Itália. Sempre mais Palmeiras.

sábado, 12 de junho de 2010

Pe. Gisley: sua vida em nossa história

"Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas" (Jo 10, 15)

Junto aos comemorativos do encerramento do Ano Sacerdotal, proclamado pelo Santo Padre, também recordamos, especialmente nestes dias, a vida do Pe. Gisley na vida da Igreja do Brasil, do Setor Juventude da CNBB e, de um modo todo particular, na vida de tantos jovens.

Há um ano ele se despediu da gente, sem a gente se preparar... sem nem mesmo entender o por quê. É assim a vida. Se não nos entregarmos de corpo e alma por uma boa causa, ela não passa de um amontoado de anos repletos de problemas para serem administrados. Alimentar sonhos sonhados com Deus exige projetos, renúncias, sacrifícios, entrega... amor até as últimas conseqüências.

Pe. Gisley acreditou na vida; apostou nela e descobriu um caminho que vinha dos desejos de Deus: ser religioso e sacerdote para os jovens e com os jovens. Certamente não realizou tudo o que pretendia, mas é inegável que viveu apaixonadamente a causa da juventude do Brasil que Deus lhe confiara em seu ministério. Obrigado, Pe. Gisley, por esta opção de vida!

Ao celebrarmos, neste próximo dia 15 de junho, o primeiro ano de sua ausência, convidamos a todos a renovar o amor afetivo e efetivo pelos jovens e a reconsiderar os reais projetos pessoais e eclesiais a favor deles. Esta é a melhor homenagem que podemos prestar ao Pe. Gisley neste momento de oração e memória.

Obrigado, Senhor, pela vida do Pe. Gisley em nossa história! Quanto brilho nos olhos e quanta paz inquieta o moviam! A Igreja do Brasil, o Setor Juventude, os jovens dos quatro cantos e de todas as forças de evangelização não o esquecem e se alimentam de seus projetos e de suas ponderações.

Obrigado, Senhor, pelos seus familiares e pela família Estigmatina que os geraram e o formaram para ser um colaborador na construção de vosso Reino. Abençoai-os!

Renovai em nosso coração o amor por vós, Senhor, e auxiliai-nos para colocar-vos como centro de tudo, pois somente vós sois 'o Caminho, a Verdade e a Vida'. Quando nos desviamos desta verdade, tudo se confunde e se relativiza, perde o sentido e o sabor, gera violência, desumaniza!

Iluminai-nos em nossos projetos eclesiais para que melhor atendam, acolham, eduquem e promovam os jovens a serem vossos verdadeiros discípulos e missionários, evangelizadores privilegiados de seus próprios colegas, cidadãos cristãos a serviço da vida de todos.

Senhor, neste momento de saudades e esperança, acendei em nós a chama do amor junto aos jovens: "É preciso resgatar no coração de todos a paixão pela juventude!". Que este divino ardor desperte muitos jovens para o seu serviço no ministério sacerdotal e na vida religiosa. Que esta paixão provoque a criatividade e alimente a coragem de todas as lideranças juvenis e adultos na defesa da vida e dos valores dos jovens de nosso país, principalmente no combate às drogas e na luta contra uma vida desregrada e sem sentido.

Sagrado Coração, acolhei em vosso amor infinito o nosso querido Pe. Gisley e ajudai-nos a proclamar como ele: "Chega de violência e de extermínio contra a juventude".

Amém.

Campo Grande, 11 de junho de 2010.

Festa do Sagrado Coração de Jesus

Encerramento do Ano Sacerdotal

+ Eduardo Pinheiro da Silva, sdb

Bispo Auxiliar de Campo Grande, MS

e Referencial do Setor Juventude da CNBB


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quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sentinelas da Manhã

Queridos irmãos e irmãs, peço um pouco de sua atenção...

No ano de 2007 o núcleo nacional do Ministério Jovem esteve reunido em Brasília para realizarmos um encontro de "escuta" e discernimento dos trabalhos referente ao mesmo. Foi justamente nessa ocasião, em adoração ao Santíssimo Sacramento, que recebemos as moções proféticas que estamos vivendo nesse tempo, principalmente "Sentinelas da Manhã". Mas preciso recordar e trazer uma exortação importante daquele momento: Tivemos uma visualização do mapa do Brasil e no centro do mapa um altar com o Santíssimo exposto e um grande número de jovens em adoração. Foi diante dessa visualização que as moções vieram. Mas vieram também com uma ordem do Senhor, a de que nos voltemos em adoração a sua presença eucarística.

Pois bem, o grande altar já está posto no centro do Brasil, em Brasília! O Brasil está voltado para este altar, mesmo os que estão longe fisicamente, estão unidos pela comunhão eclesial. O que eu gostaria mesmo é de estar lá e viver com todos os jovens a vígilia do próximo sábado, para mim, essa vígilia tem tudo haver com a moção profética do ano de 2007.

Mais do que pedir que cada um de nós se volte com atenção ao Congresso Eucarístico, o que é importante, penso que devemos redobrar a nossa atenção e adoração ao Santíssimo Sacramento. A promessade Deus para esse tempo de graça que estamos vivendo e viveremos ainda mais está intrínsicamente ligada ao fato do nosso amor,adoração e zêlo pelo Senhor na Eucaristia.

Em todas as mensagens de João Paulo II aos jovens,depois de animar e encorajar a todos, ele sempre se referiu a eucaristia como fonte e alimento de força e de coragem para os empreendimentos da cidade de Deus sobre a cidade dos homens. Um empreendimento espiritual só pode ser feito mediante a força e alimento celestiais.

"Tu és o Cristo,o Filho do Deus vivo".
"Tu és o Pão vivo descido do céu".
"Só Tu tens palavras de vida eterna".

Deus os abençoe.
Rico

Alto nível de comprometimento

A paz amados irmãos!
 
Hoje 13/05/2010 as 20h00 será transmitido pela WebTV RCC Brasil o programa "Eu amo a RCC" com as participações especiais de Marcio Zolin (Coordenador nacional do Ministério Jovem) e William Gomes (Coordenador Estadual do Ministério Jovem - Paraná) falando um pouco sobre o comprometimento da juventude carismática, seus projetos e moções proféticas do momento.
 
Peço que divulguem ao máximo de jovens possível para que possamos juntos partilhar um pouco destas palavras e deste momento tão especial.
 
Segue abaixo matéria extraída do Portal RCC Brasil sobre o programa de hoje.
 
Para assistir o programa acesse: http://www.rccbrasil.org.br/webtv/
 
Abraços!
 
Rafael Durães
Ministério Jovem - RCC Paraná
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Publicado no dia 13/05/2010 | 09:31:02 em www.rccbrasil.org.br

Alto nível de comprometimento

Cerca de sessenta por cento da RCC do Brasil é formada por jovens. Onde eles estão?

Eles estão cantando em nossos ministérios de música. Cursando universidades, e nesses ambientes levando outros jovens a uma experiência real com o amor de Deus.

Estão espalhados em milhares de grupos de oração e em diferentes serviços. Eles são RCC.

Têm feito muito, mas sabem que têm muito mais ainda a oferecer.

Para honra e gloria de Deus, uma juventude tem se levantado em nosso país, disposta a dar o que tem de melhor para o Senhor: a própria vida.
Este assunto é tema do Programa Eu amo a Renovação Carismática Católica desta semana. Marcos Volcan conversa com o coordenador Nacional do Ministério Jovem, Márcio Zolin e também com o coordenador paranaense, William Teixeira. Eles têm muitas novidades a partilhar.

Um programa especial tanto para  jovens como para  pessoas de todas as idades, afinal a juventude tem um papel fundamental na Renovação Carismática. Nossos jovens estão ajudando a reconstruir as muralhas do Movimento e estão sendo convocados a um alto nível de comprometimento.

Eles não são os substitutos dos que os antecederam, mas são resposta à fidelidade daqueles que vieram antes.
Assista ao Programa Eu amo a Renovação Carismática Católica na WEBTV, a partir das 20h desta quinta-feira (13).