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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Jornada Mundial da Juventude de Madri renovará a Igreja

Entrevista com o sacerdote que organiza a partir de Roma a JMJ

Por Anita S. Bourdin

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 6 de setembro de 2010 (ZENIT.org) –
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Madri não será um evento
pontual, mas renovará toda Igreja, assegura o responsável pela Seção
de Jovens do Conselho Pontifício para os Leigos.

Em virtude deste cargo, o sacerdote francês Eric Jacquinet está dando
seguimento a partir do Vaticano à preparação dessa JMJ, que acontece
em agosto de 2011.

Nesta entrevista concedida a ZENIT, ele reflete sobre a mensagem que o
Papa acaba de dirigir aos jovens por ocasião da JMJ, que terá como
tema "Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé" (cf.
Colossenses 2, 7).

ZENIT: O Papa escreveu uma encíclica sobre a caridade e uma sobre a
esperança. Por que decidiu agora discutir com os jovens o tema da fé?

Padre Eric Jacquinet: O Papa presta muita atenção na situação dos
jovens no contexto atual. Sabe que a juventude é um período
caracterizado por grandes aspirações. Nesse sentido, oferece um
testemunho pessoal muito impactante, nesta mensagem, recordando sua
própria juventude, sua aspiração a uma vida grande e bela, em momentos
da ditadura do nacional-socialismo. Agora, constata que muitos jovens
estão desiludidos e sem pontos de referência para edificar suas vidas.
E o Santo Padre está convencido de que é o resultado de uma cultura
ocidental marcada por três males: o eclipse do sentido de Deus, o
relativismo e o niilismo. Como resposta, o Papa oferece aos jovens uma
visão positiva da existência, baseada na fé em Deus.

ZENIT: Como o Papa articula esta proposta?

Padre Eric Jacquinet: Para falar da fé, o Papa utiliza duas imagens
presentes no tema: a da árvore enraizada e a da casa edificada sobre o
cimento. Assim como a árvore precisa de raízes para viver e resistir à
intempérie, do mesmo modo o Papa convida os jovens a encontrar em
Cristo o manancial de sua vida. E assim como a casa só é sólida se se
funda em cimento estável, do mesmo modo nossas vidas só se edificam de
maneira duradoura sobre a Palavra de Deus, acolhida com a Igreja. A fé
na Palavra de Cristo é, portanto, o antídoto para os venenos do
eclipse de Deus, do relativismo e do niilismo, com seu conjunto de
consequências negativas para a vida dos jovens. O Papa os convida a
entrar em comunhão profunda com Cristo, em quem encontrarão vida.

ZENIT: Qual é, segundo o senhor, o ponto chave desta mensagem do Papa
aos jovens do mundo?

Padre Eric Jacquinet: O tema da JMJ de Madri está tomado da carta de
Paulo aos Colossenses, pois estes também estavam contaminados por
filosofias religiosas que desviavam os cristãos do Evangelho. O Papa
constata que nos encontramos na mesma situação. Uma corrente laicista
quer excluir Deus da vida pública e correntes religiosas anunciam uma
felicidade sem Cristo. Como fazia São Paulo, o Papa recorda que o
caminho da felicidade passa pela salvação da Cruz de Cristo e que as
demais propostas não são mais que ilusões. Bento XVI leva, portanto,
os jovens a encontrar Cristo na Cruz, com palavras muito fortes: "a
cruz frequentemente nos dá medo, porque parece ser a negação da vida.
Na realidade, é o contrário. É o 'sim' de Deus ao homem, a expressão
máxima de seu amor e a fonte de onde emana a vida eterna [...]. Por
isso, quero convidar-vos a acolher a cruz de Jesus, sinal do amor de
Deus, como fonte de vida nova". Depois, mostrará como o apóstolo Tomé,
que nos representa muito bem, passou da dúvida à fé em Cristo morto e
ressuscitado.

ZENIT: Como os jovens podem colocar em prática durante este ano os
ensinamentos do Papa?

Padre Eric Jacquinet: Durante todo este ano, os jovens são convidados
a se reunir em grupos pequenos, em suas paróquias, capelanias,
movimentos, grupos de oração, para meditar esta carta. Por que não se
lê um parágrafo por mês, pedindo a cada jovem que reflita com
antecedência sobre algumas perguntas para deixar espaço depois a um
momento de partilha?

ZENIT: Em 2010, a JMJ celebra seus 25 anos. Quais são seus frutos?

Padre Eric Jacquinet: São numerosos. Antes de tudo, para os jovens,
são um lugar de experiência espiritual, de descoberta da presença de
Cristo vivo. Por outro lado, é uma experiência eclesial muito forte.
Encontramos jovens católicos, solidamente enraizados em Cristo,
procedentes do mundo inteiro. Os sacerdotes e bispos (que oferecerão
as catequeses) também se aproximam dos jovens. Isso reforça
consideravelmente o laço dos jovens com Cristo e com a Igreja. E
mostra ao mundo uma imagem renovada e bela da Igreja. De fato, as JMJ
existem porque há jovens que se comprometem. Estes jovens depois
continuam seu compromisso na Igreja. As JMJ têm gerado um grande
número de vocações consagradas e sacerdotais. Por último, pode-se
dizer que, para o país de acolhida, a JMJ é uma grande bênção. Dado
que exige o compromisso de todas as realidades eclesiais, a JMJ é a
oportunidade para uma renovação profunda da Igreja, das paróquias, dos
grupos de jovens, no país de acolhida.

ZENIT: Às vezes se diz que as JMJ são um acontecimento pontual, sem
projeção posterior. Que pensa?

Padre Eric Jacquinet: No Evangelho, os encontros dos discípulos com o
Ressuscitado são acontecimentos pontuais, de duração curta, mas que no
entanto mudaram a vida dos discípulos e deram frutos para a história
do mundo. Pode acontecer o mesmo com alguns acontecimentos eclesiais,
como é a JMJ. Além disso, cada JMJ não é um simples acontecimento de
cinco dias. É um processo que se desenvolve em um ou dois anos de
preparação e que depois dá frutos, se se sabe colher. Em geral,
pode-se dizer que durante estes 25 anos as JMJ têm contribuído
realmente para a formação de novas gerações de católicos, pessoas que
hoje estão comprometidas na Igreja e na sociedade. E isso tem um
impacto mensurável em alguns lugares.

ZENIT: Como se desenvolverá a JMJ de Madri?

Padre Eric Jacquinet: A abertura será na terça-feira, 16 de agosto,
com uma missa presidida pelo arcebispo de Madri, cardeal Antonio María
Rouco Varela. O Papa chegará na quinta-feira, 18 de agosto. Pelas
manhãs de quarta, quinta e sexta-feira, haverá as catequeses, em cerca
de 300 locais, por grupos linguísticos. Na sexta-feira, acontece a
Via-Sacra, que sem dúvida será muito emocionante, como em cada
ocasião. O festival da juventude irá propor atividades culturais
(exposições, espetáculos, debates, encontros) todas as noites. O
sábado à noite será o momento da grande vigília e no domingo acontece
a missa de encerramento. Não haverá tédio!

ZENIT: Como se inscrever?

Padre Eric Jacquinet: É muito simples. A página oficial –
http://www.madrid11.com – permite se inscrever em grupos desde julho.
A ideia é alentar todos os jovens a unirem-se a um grupo, ali onde
estão, para viajar juntos. Pode ser um grupo da paróquia ou da
diocese. Também há movimentos, comunidades e associações que propõem
viajar com eles. Estes grupos propõem uma primeira escala em uma
diocese espanhola, nos dias precedentes à JMJ, para participar de um
primeiro encontro, acolhidos nas paróquias e famílias, até 15 de
agosto. Todos os grupos se dirigem depois para Madri.

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